Rio -  Já são quatro anos de paz na Favela Santa Marta, na Zona Sul do Rio. A comunidade de Botafogo, a primeira a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em dezembro de 2008, e que já serviu de cenário para a gravação de clipe do cantor Michael Jackson, é hoje o principal destino de turistas que vêm ao Rio e querem conhecer uma autêntica favela carioca.
De quebra, aproveitam a vista privilegiada do morro, que deixa o visitante na dúvida sobre o ângulo mais bonito: é melhor olhar para o Cristo Redentor ou para o Pão de Açúcar?
Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Com uma Unidade de Polícia Pacificadora há quatro anos, o Dona Marta tem vista privilegiada do Pão de Açúcar | Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Do alto de uma laje, os amigos Gabriel Henrique Mandarino, de 16 anos, e Marcos Daniel de Oliveira, de 15, revelam o que não se pode deixar de fazer para conhecer de verdade o Dona Marta, como o lugar é chamado pelos moradores: “Quem vem aqui não pode deixar de tomar banho de caixa d’água. É tão bom que você nem tem vontade de ir para a praia. Até porque aqui a vista é mais bonita”, gaba-se Gabriel.
Quem logo mostrou seu lado empreendedor, tirando proveito do aumento de turistas por lá — segundo a Associação de Moradores local, são cerca de 10 mil por mês —, foi a dona de casa Maria Helena Barbosa, de 42 anos. Entre as casas coloridas da favela, abriu uma loja de suvenires ao lado da ‘Laje do Michael Jackson’, ponto que ganhou esse apelido desde a passagem do rei do pop.
“Os produtos mais procurados são os chaveiros com imagens do Michael. Aproveito e coloco o clipe do cantor quando os turistas entram na loja”, conta.
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Gabriel e Marcos tomam banho em caixa d'água, com aquecimento solar natural: “É melhor do que ir para a praia”, orgulha-se Gabriel | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Ponto alto do passeio são as histórias de Dona Luisa, 77 anos, 43 deles vividos na comunidade. Ela diariamente varre a região conhecida como Cantão e explica: “Comecei a varrer logo que cheguei aqui, nos dias em que chovia muito e as casas da favela desabavam. Antes da pacificação não tinha tanta limpeza. Então, sempre cuidei dessa área. Agora virou hábito”. Veja nesta sexta belezas do Borel.