Rio -  Esteve no Brasil por quase uma semana a blogueira cubana Yoani Sánchez. Conseguiu espaço na mídia que muitos popstars não têm. Houve quem dissesse que as manifestações — aliás, dispensáveis — contra a sua presença contribuíram. Na verdade, mesmo que não tivessem ocorrido, a blogueira teria espaço garantido pelo conservadorismo.
Na prática, a blogueira veio cumprir a missão de afastar Cuba do Brasil, que, por sinal, tem grande protagonismo por lá com a construção, por ideia de Lula — com a participação de empresas brasileiras e financiamento do BNDES —, do Porto de Mariel, que será o maior do Caribe.
Yoani é desconhecida em Cuba. Aqui no Brasil, o Instituto Millenium, que reúne a fina flor do pensamento de direita no país, banca a blogueira desde sempre, com a reprodução de seus artigos antissocialistas.
Muitas perguntas poderiam ter sido feitas à blogueira. Como Yoani faz para conectar-se à internet se afirma que os cubanos não têm acesso? Como é possível seu blog usar o sistema de pagamento em linha (Paypal), que nenhum cubano residente na ilha utiliza por causa das sanções? Como pode dispor de copyright para seu blog, enquanto nenhum outro blogueiro cubano pode fazer o mesmo? Quem se esconde por detrás do endereço eletrônico desdecuba.net, cujo servidor está alojado na Alemanha pelaempresa Cronos AG Regensburg registrado sob o nome de Josef Biechele, que aloja também sítios da Internet de extrema direita?
Como utiliza os 250 mil euros conseguidos em prêmios internacionais, correspondentes a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba?
Senador pelo PT-SP