Rio -  Fiscais da Secretaria de Estado e Proteção de Defesa do Consumidor (Seprocon) e do Procon-RJ sentiram na pele o sufoco dos usuários do Metrô que utilizam o serviço, no início da manhã desta terça-feira. A secretária Cidinha Campos considerou, na medida do possível, o serviço prestado melhor que o das Barcas, vistoriadas na primeira ação de rua dos dois órgãos há oito dias.
Os fiscais embarcaram na estação Cinelândia rumo a Pavuna às 5h40. A viagem seguiu tranquila em um dos novos trens coreanos, mais espaçosos. A volta, no entanto, foi feita em uma composição antiga. A secretária, que pela primeira vez fez o trajeto da Pavuna à Carioca, sumiu, literalmente, no meio de um dos vagões superlotados e conversou com usuários.
"É uma situação muito difícil da população. Vivemos duas realidades aqui hoje: uma de primeiro mundo, na ida, em um trem novo, espaçoso, com ar condicionado. A segunda, de fim de mundo, da Pavuna até a Carioca. Não entendo como é que os usuários conseguem trabalhar depois de 56 minutos de um verdadeiro sofrimento", questionou a secretária do Seprocon, que avalia que a melhora só ocorrerá com a chegada dos novos trens. De positivo, ela ressaltou a solidariedade e o bom humor, em alguns momentos, de quem usa o serviço.
A técnica de sistema Gelcinéia Leal Chaves, de 29 anos, busca alternativa para fugir do grande fluxo de usuários na Pavuna, estação inicial. Cadeirante, ela prefere acessar a plataforma pela escada rolante e embarcar pelo lado do desembarque, devido ao tumulto, ao invés de usar o elevador da estação. "Tem elevador aqui e em todas as estações, mas demora muito. Geralmente o embarque é cheio e os seguranças me dão suporte pela escada rolante. O risco de acontecer algo comigo existe", justifica.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Cidinha Campos passa aperto no metrô | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Cidinha Campos, porém, afirmou que assim como as barcas o principal problema do Metro é o gerenciamento do serviço. Na estações, segundo ela, não há banheiros para os usuários. Ela promete questionar a direção da empresa, por exemplo, sobre o não funcionamento do ar condicionado na estação Cinelândia, uma das principais denúncias recebidas dos usuários pelo Seprocon, segundo a secretária. O horário foi outro ponto reclamado por ela.
"O primeiro trem sai às 5h, mas a estação também abre no mesmo horário. Ou seja, quem precisa pegar o metrô naquele horário acaba perdendo. Que se coloque o primeiro trem então para às 5h10, 5h15. É uma questão de ajuste, de gerenciamento do serviço", reclamou.
Para o técnico em enfermagem Édson Alves Bion Filho, de 56 anos, é preciso literalmente suar a camisa para chegar ao trabalho em Botafogo, na Zona Sul. Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ele enfrenta cerca de 50 minutos de aperto. "O metrô está horrível. A população foi crescendo e o governo não se preocupou em colocar mais trens, mais vagões. Todo dia viajo suado e já chego estressado", disse com a camisa molhada durante a viagem no vagão em que estava Cidinha Campos.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A cadeirante Gelcinéia Leal Chaves conversa com Cidinha | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
"É todo dia isso: 50 minutos de aperto entre Colégio e a Carioca. É preciso diminuir o intervalo entre um trem e outro, principalmente nos horários de pico", clamou a auxiliar administrativo Ingrid Verly, de 22 anos.
De positivo, a secretária do Seprocon elogiou o número de trens novos e a limpeza das estações. "Em Nova York, a sujeira no Metrô é gritante". Cidinha Campos informou que tem audiências marcadas com as administrações das barcas e do metrô nos próximos dias.
Fiscais do Procon-RJ embarcaram na Pavuna e desembarcaram nas estações para avaliar filas, tempo de espera, banheiros e quesitos de segurança. como extintores de incêndio.