Bairro Carioca inunda e deixa moradores revoltados
Inaugurado há menos de um ano e menina dos olhos do prefeito Eduardo Paes, bairro recebe famílias removidas de vários locais do Rio, inclusive de áreas de risco
POR ALESSANDRO LO-BIANCO
“O risco maior é aqui. Perdi móveis, eletrodomésticos, roupas e comida. Minha casa é uma vergonha, e minha vida perdeu o sentido”, disse, abalada, Lidiane Conceição, 27 anos, ex-moradora do Morro do Borel, também na Zona Norte.
Crianças são obrigadas a comer nas calçadas por causa do temporal que inundou apartamentos e destruiu móveis como sofás, mesas e cadeiras | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Causa do alagamento
“A Rio-Águas está fazendo uma obra e acabou reduzindo o acesso de escoamento da água do canal, que está subindo pelos ralos. A obra foi prevista para seis meses, mas já dura um ano”, criticou Nascimento.
Desmaio ao ver lixo
Desmaio ao ver lixo
A cadeirante Sirlene Silveira, de 33 anos, está dormindo no chão, ao lado de poças d’água. “Preciso que eles me tirem do 1º andar para não morrer afogada. Mas como vou subir as escadas? Já é o terceiro alagamento. A água subiu bastante. Se os moradores não tivessem me resgatado, eu teria morrido”, contou a paraplégica, assustada.
O desespero também atingiu a família de Helena Nóbrega. Diabética, ela desmaiou ao ver seus pertences sendo levados com o lixo.
No imóvel da cadeirante Sirlene, chão alagado e marca da água na parede | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Rachaduras, portas empenadas e esgoto dentro dos apartamentos
Visita feita pelo DIA em 43 imóveis em Triagem constatou rachaduras nas paredes e portas empenadas, além da água que sobe pelos ralos dos banheiros e das pias inundando os cômodos. Vazamentos nas tubulações de esgoto são outro transtorno.
“Quando o vizinho de cima dá descarga, pinga esgoto, cocô e xixi do teto da minha cozinha”, mostrou o morador Rodrigo Ferreira.
Falta mangueira de combate a incêndio, e o lixo não é recolhido. “Fizemos vaquinha para pagar coleta”, reclama o síndico. Segundo ele, a conta d’água este mês foi de R$ 29 mil. “Está vazando água e ninguém faz nada”, cobra.
Falta mangueira de combate a incêndio, e o lixo não é recolhido. “Fizemos vaquinha para pagar coleta”, reclama o síndico. Segundo ele, a conta d’água este mês foi de R$ 29 mil. “Está vazando água e ninguém faz nada”, cobra.
Moradores sofrem ainda com a violência. Sem policiamento, traficantes e bandidos estariam agindo no local. Bombas d’água foram roubadas, além de aparelhos de ar-condicionado do Centro Esportivo.
A Rio-Águas diz ter investido R$ 31,9 milhões em obras para evitar inundações no Canal do Cunha. E a Defesa Civil distribuiu colchonetes. “Queremos que o problema seja resolvido”, afirmou o síndico.
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