Rio -  Mais de 3.500 toneladas de entulho são jogadas diariamente em terrenos baldios, rios e afluentes da Baixada. Para solucionar o problema, que causa entupimento de bueiros e enchentes, a Secretaria Estadual do Ambiente lançou o projeto Entulho Limpo da Baixada.
Com investimento de R$ 28 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam), o projeto prevê a criação de 107 ecopontos (locais de coleta de entulho) em Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e Nilópolis.
Na Praça Santarém, em Vilar Novo, Belford Roxo, acúmulo de entulho na calçada impede passagem de moradores, obrigados a andar no meio da rua | Foto: Paulo Alvadia / Ag. O DIA
Na Praça Santarém, em Vilar Novo, Belford Roxo, acúmulo de entulho na calçada impede passagem de moradores, obrigados a andar no meio da rua | Foto: Paulo Alvadia / Ag. O DIA
“Com a ascensão econômica da classe C, muitas pessoas passaram a consumir mais e a fazer mais obras em casa. Com isso, o acúmulo de entulho de material de construção na Baixada praticamente dobrou. O objetivo é evitar a poluição dos principais rios, onde há quatro anos estamos investindo R$ 400 milhões em limpeza e dragagem”, explica o secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc. Segundo ele, 20 ecopontos já foram licitados.
O prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos, estima em R$ 600 mil o gasto com a retirada de restos de obra na cidade. Com o projeto, o município ganhará uma usina de moagem de entulho, a ser construída no bairro Parque Analândia, com custo de R$5 milhões. “A ideia é que os municípios, em vez de gastar, ganhem dinheiro com o projeto, através da venda do entulho moído”, diz Minc.
O projeto deve entrar em funcionamento em setembro. Até lá, as prefeituras terão que ceder áreas para a instalação dos ecopontos e criar leis municipais para a formação do consórcio para administrá-los. A intenção é que a iniciativa seja estendida a outras regiões do estado.
Na Praça Santarém, no bairro Vilar Novo, em Belford Roxo, flagrou moradores obrigados a andar na rua porque a calçada estava cheia de entulho. O morador Edmir da Silva, 74 anos, responsável pela obra, disse que esperava por um carroceiro, que teria se comprometido a retirar o entulho.
Ambientalista vê dificuldades na implantação
O ambientalista Hélio Vanderlei, da Ong Onda Verde, diz que a implantação do projeto é benéfica para a região, mas enxerga a iniciativa com cautela. Segundo ele, é necessário que governo do estado e prefeituras também invistam em educação ambiental.
“Quem vai levar o entulho até os ecopontos? As prefeituras têm dificuldade em dar conta do lixo comum, que dirá dos entulhos?”, critica.
Ele prevê também problemas na cessão de terrenos, feita geralmente através de desapropriações. “O processo costuma ser burocrático e demorado. As prefeituras não têm tantos terrenos à disposição”, avalia o ambientalista.
Fiscalização rigorosa apenas com as grandes obras
Na Baixada, há fiscalização rigorosa das prefeituras com construtoras em grandes obras. O mesmo não acontece em relação à fiscalização dos moradores. Poucos nem sabem que existe o serviço de coleta de entulho.
Em São João de Meriti, através do Disque Entulho (2651-1302), o morador tem o material recolhido em até sete dias úteis. No Rio, o trabalho é feito pela Comlurb e o entulho é retirado, desde que o morador acondicione o material em, no máximo, 150 sacos de 20 litros cada.