Rio -  O Banco Central (BC) elevou a previsão para a inflação, mas cortou a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), diante de perspectiva de uma retomada mais lenta da economia brasileira. As projeções foram reveladas pelo Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem.
A previsão da entidade é de um crescimento de 3,1% neste ano, frente a 3,3% no relatório passado, que considerava os quatro trimestres encerrados no terceiro trimestre de 2013. Já a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve chegar a 5,7%, este ano. A projeção está 0,9 ponto percentual acima da previsão de dezembro passado.
Acima do centro da meta
Para o BC, o consumo das famílias deve crescer 3,5% neste ano (face a 4% na estimativa anterior e crescimento de 3,1% verificado em 2012). Para 2014, a estimativa é que a inflação fique em 5,3%, acima dos 4,9% previstos antes.
No caso da inflação acumulada em 12 meses no final do primeiro trimestre de 2015, a estimativa é 5,4%. As estimativas são do cenário de referência, feito com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (7,25% ao ano) e no dólar a R$ 1,95. Todas as estimativas para a inflação estão acima do centro da meta, que é 4,5%.
Na quarta-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, foi escalado para desfazer o mal estar, causado após as declarações da presidenta Dilma Rousseff sobre a inflação, e que acabaram provocando uma forte queda nos juros futuros. Tombini reafirmou “que não há tolerância em relação à inflação”.
Centro da meta é irreal em 2013
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, declarou ontem que é “irrealista” considerar um cenário no qual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, recue para 4,5% neste ano — valor da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional.
“Na minha visão, é irrealista esse cenário de convergência da inflação para 4,5% em 2013. Em 2014, acredito que muita coisa ainda possa ser feita para garantir que a convergência ocorra”, considerou o diretor do Banco Central.
Para Hamilton, o uso da taxa básica de juros é o “pior remédio” contra o crescimento da inflação, à exclusão de todos os outros, ou seja, “é um remédio ruim, mas os outros são piores”.