Rio -  O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, afirmou durante o julgamento no Tribunal de Justiça do Rio que não deu ordens para matar Ednei dos Santos, o Pipito, e Alexandre Nunes, o Playboy, durante uma reunião do tráfico na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, em 2002.
"Só queria dar um couro neles, pois 10 pessoas, incluindo inocentes, morreram por causa deles", afirmou Beira-Mar. O traficante contou que pediu, de dentro de Bangu 1, que os dois entregassem suas armas para o tráfico local. Durante a entrega, Pipito teria ficado com uma pistola na cintura e efetuado diversos disparos, matando 10 pessoas.
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Traficante revelou que não ordenou execução de dupla na Favela Beira-Mar | Foto: Alessandro Costa /Agência O Dia
Perguntando sobre como teria conseguido os celulares, o traficante revelou que conseguia os aparelhos dependendo do dia do plantão. Um terceiro homem, Adailton Cardoso de Lima, conseguiu fugir da reunião. Ele seria testemunha de acusação do traficante, mas está desaparecido desde o ocorrido. Beira-Mar também é acusado de tentar matar Adailton.
"O que aconteceu é que houve uma briga de facções na comunidade. Eu queria checar o que estava acontecendo e consegui telefones clandestinos para isso", revelou o traficante. Beira-Mar disse ainda que pretendia expulsar Pipito e Playbou da favela, já que eles não seriam de sua confiança. Perguntando sobre fazer parte de uma facção criminosa, ele foi direto: "Minha facção criminosa sou eu. Tive envolvimento com o tráfico no passado, por apenas 4 anos, vendendo drogas na Favela Beira-Mar", disse.
Grande aparato policial
Fernandinho Beira-Mar chegou algemado por volta das 11h da manhã no julgamento, vestindo camisa polo, calça jeans e usando óculos de grau. Um grande aparato policial cercou o TJ. Beira-Mar ficou acompanhado por cinco agentes do DEPEM (Departamentto Penintenciário) e mais dois PMs.
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Beira-Mar disse que ficou apenas quatro anos no tráfico e hoje estuda teologia à distância: 'Hoje sofro e quero pagar pelo que fiz' | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
O traficante foi repreendido pelo juiz Murilo André Kieling ao mandar beijos e acenar para familiares. O magistrado pediu ainda que os presentes parassem de se manifestar, sob pena de expulsão do plenario. Beira-Mar negou qualquer execução durante seu período no tráfico de drogas.

Duas mulheres que seriam testemunhas de defesa do acusado não participaram. da audiência. Os traficantes Marcio dos Santos Nepumoneco, o Marcinho VP e Márcio Marinho dos Santos, o Chapolin, também seriam testemunhas de defesa, mas o advogado de Beira-Mar desistiu dos depoimentos, que seriam feitos por videoconferência.
Beira-Mar relatou que é casado, tem 11 filhos e foi empresário da construção civil antes de entrar para o tráfico.
Ele admitiu que está estudando teologia à distância, mas não trabalha na prisão, já que o presídido de Catanduvas não ofereceria qualquer tipo de trabalho. Ele negou ainda que a Favela Beira-Mar tivesse armamentos pesados.
Perguntando se já havia matado alguém, Beira-Mar revelou: "Não sou santo, já fiz algumas coisas no meu passado. Hoje sofro bastante e quero pagar pelo que fiz".
Sentença vai sair à noite
Neste momento, os debates estão sendo retomados no TJ. A previsão é de que a sentença saia por volta das 20h desta terça-feira.