Contagem (Minas Gerais) -  Chamado novamente para prestar depoimento nesta quinta-feira, no Tribunal do Júri de Contagem, em Minas Gerais, onde é julgado pela morte da ex-modelo Eliza Samudio, o goleiro Bruno se recusou a responder perguntas, até mesmo as feitas pela defesa. 
No tribunal, Bruno disse apenas que sabia que a ex-modelo seria morta. "Eu sabia que Eliza iria morrer e também imaginava. Por causa das brigas constantes e agressões do Macarrão (Luiz Henrique Ferreira Romão, seu ex-braço direito)". Em seguida, o atleta pediu desculpas e disse que não responderia a nenhuma pergunta, nem de seus defensores. 
O goleiro então, deixou o plenário e Ércio Quaresma, defensor do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado de executar Eliza, voltou ao salão do júri e e fez novas perguntas ao vento. No momento, até a cadeira do réu foi retirada do Tribunal. Foi a terceira vez que Quaresma fez perguntas para olhando para o nada.
Bruno chega para o quarto dia de julgamento | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Bruno chega para o quarto dia de julgamento | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Nesta quinta-feira, o defensor pediu para questionar a ex-mulher do goleiro Bruno, Dayanne Rogrigues. Os advogados dela, no entanto, a retiraram do tribunal. Ele então seguiu com seus questionamentos, sempre fitando a cadeira vazia onde deveria estar Dayanne. Quaresma tenta com essa estratégia livrar seu cliente de culpa. 
Nesta quarta, a advogado já havia feito perguntas para a cadeira vazia. Elas seriam para Bruno, mas como o goleiro se recusou a responder às primeiras questões propostas por Quaresma, o próprio pediu pra que a juíza determinasse a saída do réu do salão do júri e seguiu com suas perguntas, mesmo sem ter para quem fazê-las.
Dayanne confirma participação de Zezé no crime 
No início da sessão desta quinta-feira, no julgamento de Bruno, a ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues, pediu para prestar novo depoimento. Ela também é ré no processo, por sequestro e cárcere privado de Bruninho.
Com o consentimento da juíza Marixa Rodrigues, ela respondeu a perguntas de seus advogados, da promotoria e da própria magistrada.
Dayanne confirmou que recebeu ligações do ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, e que ele a pediu para entregar Bruninho para Coxinha, motorista do sítio de Bruno na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo Dayanne, em primeiro telefonema de Zezé, ela se recusou a entregar a criança, mas depois, em uma outra ligação, Zezé afirmou que havia falado com Macarrão e que ela deveria entregar Bruninho. Só então ela atendeu a esse pedido.
Questionada pela juíza, Dayanne afirmou que tem medo de Zezé. "Tinha e estou com medo agora, depois do que Bruno falou ontem (no depoimento). Tenho medo pelas minhas filhas, minha família. Se ele é uma pessoa perigosa, temo pela minha vida e pela vida de minhas filhas", disse ela. 
Após o depoimento da ré, Tiago Lenoir, advogado de Dayanne, negou que tenha havido uma estratégia para que um novo depoimento agravasse a denúncia contra  Zezé, em troca de uma possível absolvição. "Ela não incriminou ninguém. Apenas se defendeu", disse o defensor.
Bruno tenta convercer jurados de que não foi mandante do crime
Ao ser interrogado nesta quarta-feira, Bruno admitiu saber que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, levou a ex-amante para a morte e apontou Bola, como o executor do crime. A principal estratégia da defesa é convencer os sete jurados de que ele não foi o mandante, como acusou Macarrão, e de que teve uma pequena participação no plano arquitetado contra a vítima. 
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Bruno chorou várias vezes durante o depoimento nesta quarta-feira | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
“Com a redução do máximo da pena de 41 anos para 10 anos, em virtude da participação mínima, a condenação pode chegar a dez anos. Como ele já está preso há dois anos e oito meses, conseguiria sair da prisão em seis meses”, calculou o advogado Lúcio Adolfo, defensor de Bruno. O jogador seguiu à risca a cartilha dos advogados.

De cara, garantiu: “Não sou o mandante, mas de certa forma me sinto culpado”. Depois, alegou que Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo do ex-goleiro, levaram Eliza até a casa de Bola. “Macarrão disse que tinha resolvido o meu problema. Ele contou ter contratado o Bola”, disse.
O silêncio e o choro foram táticas do jogador. Permitido por Lei, ele poderia não ter respondido nada. Mas optou por esclarecer as dúvidas da juíza, dos seus advogados e dos jurados. “Não responder ao promotor Henry Vasconcelos significa não ajudar as investigações. Citar o Bola não é delação premiada. Ele deve pegar 25 anos de prisão e sair em 10 anos”, avaliou o criminalista Luiz Flávio Gomes. Para condenar Bruno a pena de 41 anos, a cartada de Henry é acusá-lo de ter ido também entregar Eliza para ser morta.
Acusações
NO LOCAL DO CRIME
O promotor Henry Vasconcelos, sustenta que Bruno estava presente no trajeto que levou Eliza Samudio para a morte. O ex-goleiro teria saído do seu sítio, em Esmeraldas, em Minas, dirigindo o New Beatle amarelo. Na Range Rover, Macarrão, Sérgio, Eliza e Bruninho também seguiram ao encontro do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. O algoz estava na região da Pampulha e guiou o grupo até sua casa, em Vespasiano, local da execução de Eliza.
LIGAÇÕES PERIGOSAS
O promotor Henry mostrará que os telefones de Jorge e Dayanne se comunicaram na noite do dia 10 de junho de 2010, data do crime. Para ele, Jorge não teria motivos reais e nem relevância para falar com a ex-mulher do goleiro nesse momento. Para proteger Bruno, Dayanne, mãe de dois filhos dele, negou em depoimento ter recebido a ligação e afirmou que quem estava no New Beatle era ela.
FESTAS APÓS A MORTE
Bruno alegou que ao saber de Macarrão que ele havia levado Eliza para morte ficou desesperado e ter chorado uma hora e meia. Porém, na mesma noite da execução, viajou para o Rio de Janeiro. No dia seguinte foi ao aniversário do ex-jogador do Flamengo Wagner Love e a uma festa em Angra dos Reis. Depois ainda participou de churrasco do time 100% pelo jogo realizado na cidade.
AMIZADE COM BOLA
Bruno sustenta que só conheceu Bola na Penitenciária Nelson Hungria. Mas para o Ministério Público, a amizade era antiga. Bola queria que o filho dele fizesse um teste para jogar no Flamengo e teria feito o pedido a Bruno. O jogador revelou a relação com Bola a um agente penitenciário.