Rio -  Entre todos os funcionários da Receita Federal do Rio, duas têm tratamento especial. Cris e Sharon, cadelas farejadoras de entorpecentes em correspondências que saem do país, são cercadas de mordomias, com direito a carro para levar e trazer do trabalho, academia e treinamento em alemão. A explicação para o tratamento vip está nos números: ano passado, encontraram 450 correspondências com cocaína ou maconha, mais de uma por dia.
Labradora Sharon e a pastora alemã Cris posam com seus condutores | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Labradora Sharon e a pastora alemã Cris posam com seus condutores | Foto: Alessandro Costa /Agência O Dia
Os animais, além de atuarem no posto da Receita Federal do Galeão — onde todos os dias vistoriam aproximadamente 30 mil cartas —, também fazem operações em voos, portos e estradas. O expediente normal é das 9h às 17h, mas nada impede ações à noite e de madrugada. “Podemos checar denúncias de cargas suspeitas ou dar apoio a operações da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo”, explicou a analista tributária Márcia Bueno, condutora da Sharon.
Cada cadelinha tem seu tratador, responsável pelo banho semanal e por manter limpo o canil. A ração é das mais caras, e um veterinário está sempre atento a tudo o que acontece com as duas, controla até o peso. Para a hora do batente, há coletes personalizados.
Companheiras no dia a dia, a labradora Sharon e a pastora alemã Cris são completamente diferentes. A primeira, de 7 anos, é gulosa e calma. “Ela adora comer. Em algumas operações, tenho que ficar de olho, principalmente quando ela encontramalas com comidas. Tiro logo de perto”, brinca Márcia.
Já Cris, que tem apenas 5 anos, é mais arisca e resistente. “Preferimos colocá-la para fazer ações que precisam de maior condicionamento físico”, explicou o auditor fiscal Tadeu Siqueira, condutor dela.
Preparação para farejar pessoas na Jornada Mundial da Juventude
Uma nova fase está iniciando para a dupla canina. Elas estão sendo treinadas para repetir o trabalho feito em cargas em grupos de pessoas. A previsão é que a nova função já esteja em prática na Jornada Mundial da Juventude.
Não foi fácil chegar ao alto nível de preparo. Ambas tiveram mais de um ano de treinamento no Espírito Santo. Lá que aprenderam o alemão, usado em todos os comandos. “Para elas, tem que ser divertido. Por isso, o prêmio é brincadeira. Quando encontram drogas, a Sheron brinca de bolinha e a Cris ganha cano de plástico para morder”, disse Tadeu.