Rio -  O clima é de suspense. Exatamente por isso, o Cine Fantasma não marca datas para suas aparições pela cidade. “Assombrações não avisam quando vão aparecer”, justifica Paola Barreto, idealizadora do projeto. Mas não se trata de nada sobrenatural e sim de projeções em fachadas de antigos cinemas, com trechos de filmes que já foram exibidos ali ou imagens das finadas salas cinematográficas.
Intervenção urbana do Cine Fantasma, com projeções na fachada | Foto: Divulgação
Intervenção urbana do Cine Fantasma, com projeções na fachada | Foto: Divulgação
A intervenção urbana acontece da seguinte forma: em um cortejo em movimento, com um motorista no carro, um operador para o projetor e uma câmera registrando tudo, as memórias dos antigos cinemas de rua são relembradas e chamam a atenção dos pedestres. “Entendi que o projeto não é individual, mas coletivo, pois toca em questões de memória, história, patrimônio material e imaterial, distribuição cinematográfica, ocupação do espaço público, arquitetura dos bairros, resistência cultural, entre outras tantas dimensões”, avalia Paola.
Depois de um edital para realizar intervenções urbanas, em janeiro deste ano, o Cine Fantasma ganhou corpo e, desde então, assombra esporadicamente os endereços de extintas casas exibidoras, como o Cinema Art Copacabana, que leva o nome do bairro onde existiu. “É tocante perceber como o hábito de frequentar cinemas de bairro formou boa parte da identidade urbana de alguns locais”, comenta a idealizadora do projeto.
Mas Paola e sua turma não estão sozinhos quando se trata do desejo de resgatar esses locais. Marcia Mansur, da RioFilme, também levanta essa bandeira. Ela é gerente de planejamento do projeto CineCarioca, que visa se apropriar de várias casas cinematográficas fechadas pela Zona Norte, como em Ramos, Madureira, Rocha Miranda, Engenho Novo, Méier, Cachambi e Vaz Lobo. Além da tentativa de ‘ressurreição’, o projeto pretende levar novas salas a lugares carentes da sétima arte.
“Estamos em uma etapa de estudos e procurando operadores que tenham interesse em investir nesses locais. Queremos trabalhar a memória afetiva desses lugares. É uma política de fomento do patrimônio da cidade, mas ainda precisamos de uma finalização de recursos financeiros”, explica Marcia. O projeto CineCarioca é realizado em parceria com a Subsecretaria de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura.