Rio -  Comandantes de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que usam da criatividade para levar benefícios sociais para as comunidades conquistam a população.

É o caso do capitão Vinícius Apolinário que, em pouco menos de um ano na UPP Adeus/Baiana, no Complexo do Alemão, conseguiu oferecer futebol, balé, ginástica para idosos, capoeira, kickboxing e até doação de cadeiras de rodas e cestas básicas aos mais pobres.

A transferência dele, sexta-feira, para a Vila Cruzeiro, mobilizou moradores, que fizeram protesto nesta segunda-feira em frente à Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e reuniram cerca de 160 assinaturas contra a mudança.
Ato ocorreu em frente à CPP: lamentaram a transferência do oficial que conquistou a população com benefícios | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Ato ocorreu em frente à CPP: lamentaram a transferência do oficial que conquistou a população com benefícios | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“Time que está ganhando não se mexe. Com a saída dele, já virou bagunça. Não temos nenhuma garantia de que a maioria dos projetos vai continuar. Eles (o CPP) chegaram a dizer que o capitão Vinícius ia ser transferido porque o trabalho dele é muito bom. E como nós ficamos?”, questionou a presidente da Associação de Moradores do Adeus e Baiana, Danusia Tomaz Teixeira, uma cozinheira de 38 anos.

‘Caveira’ assume

Ela e cerca de 20 moradores esperaram ontem para serem recebidos por um representante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora. “Chegamos aqui às 8h da manhã e ainda não nos atenderam”, disse a dona de casa Maria de Fátima Leite da Costa, de 40 anos, por volta das 13h desta segunda-feira.

Os moradores queriam se reunir com o comandante da CPP, coronel Paulo Henrique Moraes, e o novo chefe da UPP Adeus e Baiana, capitão Paulo Ramos, oriundo do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

“Se a ‘chapa está quente’ lá na Vila Cruzeiro, por que não indicam o capitão Ramos para lá, já que ele é caveira (do Bope)?”, questionava a secretária da tesouraria da associação de moradores local, Amanda Alessandra dos Santos, de 24 anos.

No meio da tarde, os moradores conseguiram conversar com a major Carla Martins, coordenadora da Articulação Comunitária do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora. Ela prometeu ao grupo que os projetos sociais existentes atualmente serão mantidos nos morros do Adeus e Baiana.

Ataque a contêineres de madrugada

Depois da prisão de dois suspeitos com uma carga de drogas (153 sacolés de cocaína, 15 trouxinhas de maconha e oito pedras de crack), o contêiner da UPP Alemão, perto da Pedra do Sapo, foi atacado na madrugada desta segunda-feira. “Foram muitos tiros”, relatou um morador.

Policiais que estavam de plantão no local pela manhã temiam por represálias dos traficantes. “Estamos abandonados aqui. Não temos como nos defender se o ataque for mais intenso do que esse que ocorreu de madrugada”, relatou um PM que pediu anonimato.