Corpo de Chávez é velado na Academia Militar em meio a silêncio sobre eleições
Após procissão de sete horas, corpo está no local onde líder venezuelano iniciou carreira militar; diante da dor, poucas respostas sobre a data da votação que elegerá sucessor
Foto: EFE
Integrantes do governo chavista, incluindo seu potencial sucessor Nicolás Maduro, participaram da procissão de sete horas, mas deram poucas respostas à pergunta que mais inquieta a Venezuela - quando será a eleição presidencial que precisa ser convocada dentro de 30 dias.
Milhares de venezuelanos, a maioria vestida com a cor vermelha do partido socialista de Chávez, lotaram as ruas da capital para lembrar o homem que controlou seu país por 14 anos, antes de perder a batalha para um câncer na tarde de terça-feira.
Na academia, a família de Chávez e assessores mais próximos, bem como os presidentes da Argentina, Bolívia e Uruguai , participaram de uma missa que ocorreu em volta do corpo do presidente, que jazia em um caixão com tampa de vidro. O público então começou a se aproximar, alguns colocando sua mão sobre o coração de Chávez, outros levantando o punho. A cerimônia durou até tarde da noite.
Foto: EFE
Diante da dor, as autoridades fizeram silêncio sobre o futuro do país, inclusive sobre quando a eleição presidencial será realizada. Mesmo a hora e o local exato do funeral de Chávez não foram anunciados.
Durante os quase dois anos da batalha de Chávez por sua saúde, o governo nunca falou especificamente sobre o tipo de câncer e a localização exata do tumor que lhe afligia. A oposição já se manifestou com críticas sobre o comportamento do governo após a morte de Chávez, inclusive a nomeação do vice-presidente Maduro como presidente interino, em uma aparente violação da Constituição. Por um dia, os venezuelanos ficaram imersos na emoção e na triste despedida.
Maduro e o presidente boliviano, Evo Morales, um dos mais próximos aliados de Chávez, se misturaram com a multidão, e, em um momento, os dois chegaram a cair no chão diante do empurra-empurra.
Foto: EFE
"A luta continua!"
Autoridades militares e membros do gabinete cercavam o caixão do presidente. Outros, carregavam imagens do presidente morto, em meio a uma profusão de bandeiras venezuelanas. "A luta continua! Chávez vive", gritavam os presentes em uníssono, alguns com os olhos vermelhos de tanto chorar.
A mãe de Chávez, Elena Frías de Chávez, se aproximou do caixão de seu filho, enquanto um padre fazia uma oração antes que a procissão deixasse o hospital militar, onde Chávez morreu aos 58 anos. Quem passava perto do caixão dizia que o corpo de Chávez estava vestido com a faixa presidencial, com uniforme militar e sua boina vermelha.
Ricardo Tria, um assistente social, disse que esperou por quatro horas para conseguir passar próximo ao caixão. Chávez parecia "adormecido, quieto e sério", segundo ele. "Eu sinto tanta dor. Tanta dor", disse Yamile Gil, uma dona de casa de 38 anos. "Nunca queríamos ver nosso presidente assim. Sempre o amaremos."
Ódio e divisão entre os venezuelanos
Outros que se opunham a Chávez e eram contra sua forma de socialismo lamentaram sua morte, mas esperam que a Venezuela agora entre em uma era menos agressiva e mais favorável às empresas de petróleo do país. "Não estou feliz com sua morte, mas não posso dizer que estou triste", disse Délia Ramírez, uma contadora de 32 anos que ficou longe da procissão. "Esse homem semeou o ódio e a divisão entre os venezuelanos."
Apoio a Nicolás Maduro
A Constituição de 1999, escrita no governo Chávez, diz que uma eleição deve ser convocada no prazo de 30 dias para substituir um presidente, mas o governo da Venezuela nem sempre seguiu a lei. A Carta afirma claramente que o presidente da Assembleia Nacional, nesse caso, Diosdado Cabello, deve tornar-se presidente interino caso um chefe de Estado seja forçado a deixar o cargo dentro de três anos de seu mandato. Chávez foi reeleito em outubro.
Mas Chávez, antes de morrer, designou Maduro como seu sucessor, e o vice-presidente assumiu a presidência interina mesmo tendo sido indicado como candidato presidencial.
O Exército também tem mostrado sinais de forte apoio a Maduro . Em sua página no Twitter na terça-feira, a televisão estatal afirmou que o ministro da Defesa Diego Molero prometeu apoio militar à candidatura de Maduro contra a provável indicação de Henrique Capriles pela oposição, aumentando a preocupação entre os críticos sobre a imparcialidade da votação.
As informações são do IG
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