Rio -  Termina nesta quarta-feira, às 18h, o prazo dado pela Justiça Federal para que os índios da Aldeia Maracanã deixem espontaneamente o local. O clima é de tensão.

Os indígenas prometem resistir. O defensor público federal Daniel Macedo, titular do 2º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, que entrou com recurso para tentar reverter a decisão de despejo, disse que teme “um banho de sangue”.

“E, se isso acontecer, vai repercutir negativamente no mundo inteiro. Embora a defensoria tenha orientado para que eles cumpram a ordem judicial, a resposta que tive é que eles vão para o embate com a polícia”, afirmou o defensor.
Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Casais de diferentes etnias se uniram nesta segunda-feira em cerimônia na aldeia | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Por causa do horário que expira o prazo dado pela Justiça, a expectativa é que a polícia só chegue à aldeia na quinta-feira, pela manhã. No agravo de instrumento impetrado nesta segunda-feira, Daniel Macedo pede também prazo de 15 dias para que o governoapresente proposta mais detalhada para os índios.

O estado promete construir Centro de Referência na Quinta da Boa Vista e criar o Conselho Estadual dos Direitos das Populações Indígenas. Mas não falou em datas. Enquanto esses projetos não saem do papel, os índios ficariam num Hotel Popular ou receberiam aluguel social.

Nesta segunda-feira, a todo momento, chegavam informações de que o Batalhão de Choque estaria a caminho para fazer a desocupação. Por causa disso, a entrada da aldeia foi fechada com barricada.

Apesar do risco de confronto, dois casamentos foram celebrados num salão antigo do prédio do Museu do Índio. Da tribo Waiwai, do Pará, Kaiah, 23 anos, se juntou a Márcia, 27, que pertence à etnia Guajajara, do Maranhão. Da mesma tribo, é Uratu, 51. Ele se uniu a Potira, 43, que é uma Krikati. Pela tradição, a festa dura dois dias.