São Paulo -  O delegado Antonio Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso da morte de Mércia Nakashima, disse nesta terça-feira durante o julgamento do policial aposentado Mizael Bispo de Souza, acusado de matar a ex-namorada, que o também advogado não estava com uma prostituta na noite em que a vítima foi assassinada, em 2010, em Nazaré Paulista (Grande SP).
Foto: Reprodução Internet
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De acordo com o delegado, uma mulher se ofereceu para ser o "álibi" de Mizael, dizendo ser a prostituta com quem ele diz ter passado quatro horas na noite do crime, mas que depois ela foi à delegacia dizer que acreditava que Mizael havia matado Mércia. "Ela apareceu lá do nada", afirma. Ao ser questionado sobre se investigou outras hipóteses de autoria no caso, o delegado foi enfático: "Fomos a fundo em todas as denúncias que chegaram".
"O réu diz que em dois ou três minutos conseguiu pegar essa mulher. O rastreador não aponta esta parada. O local não é ponto de prostituição e não tem ponto de ônibus. É uma via de acesso ao aeroporto, com muito movimento", afirmou Olim. 
Telefone frio
O delegado Antonio de Olim disse que grasças ao rastreador do carro Mizael e as ligações telefônicas do policial aposentado é que se chegou tanto ao principal suspeito quanto Evandro Bezerra da Silva, co-autor do crime, segundo a polícia.
Foto: Reprodução
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O delegado, que indiciou Mizael, descreve todo o percurso feito pelo réu em seu carro com base no rastreador instalado no veículo. Antonio de Olim diz que foi encontrado um 6º telefone celular de Mizael. "Esse telefone, com certeza, o Mizael estava usando, mas estava em nome de outra pessoa", afirma.
Segundo o delegado, era um telefone "frio" usado só para Mizael falar com Evandro porque já estava planejando matar a Mércia. "(O Mizael) parecia um pavão. Parou de parecer pavão", diz o delegado sobre o dia em que o policial aposentado foi questionado sobre o telefone "frio" encontrado com contatos de Evandro.
'Defesa tentou confundir jurados'
Acusado de matar a ex-namorada, o advogado não viu o primeiro dia de seu julgamento a pedido das testemunhas, que preferiram responder às perguntas dos advogados sem a presença do réu. Detido, ele não viu o choro do irmão da vítima, Márcio Nakashima , nem o bate-boca entre defesa e acusação, que saiu do plenário dizendo que os defensores de Mizael estão tentando “confundir os jurados”.
O acusado não presenciou o bate-boca entre Márcio e o advogado de defesa Ivon Ribeiro, que – longe do júri – teria dito que Mércia era uma garota de programa. Para dar continuidade aos trabalhos, o juiz Leandro Cano precisou interromper a sessão por cinco minutos.
A discussão era só um sinal do que aconteceria nos outros depoimentos do dia. Dessa vez, o bate-boca foi entre Ribeiro e o promotor, Rodrigo Merli Antunes. Algumas provocações foram trocadas na fala do biólogo Carlos Eduardo de Matos Bicudo , que concluiu em perícia que a alga encontrada no sapato do réu era compatível com a planta nativa encontrada em represas, como a que o corpo de Mércia foi encontrado. “Hoje falou-se da alga, amanhã serão discutidos os vestígios de sangue, osso e metal encontrados na mesma sola”, prometeu Domingues. “Quatro elementos em um único sapato.”
Foto: Reprodução Internet
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O tom voltou a subir quando o engenheiro Eduardo Amato Tolezani afirmou ser “impossível” que o réu efetuasse ou recebesse chamadas telefônicas dos arredores do Hospital Geral de Guarulhos, onde ele afirmou ter estado no dia em que Mércia desapareceu.
O advogado de defesa Ivon Ribeiro pediu uma diligência para saber se é mesmo possível receber e efetuar ligações de uma antena a 10 quilômetros de onde Mizael disse estar. Diante das negativas do engenheiro e da insistência do advogado, o promotor se levantou e passou a gritar em plenário, afirmando não saber se aquela postura da defesa era “estratégia, ignorância ou má-fé": "Não é falando alto que o senhor vai intimidar", respondeu Ribeiro.
“Ele não aceitava a resposta da testemunha”, afirmou o promotor após a audiência. “Enquanto ele não arrancava o que queria, ele não sossegava.” Para Domingues, trata-se de uma estratégia: “A defesa adotou como tática confundir os jurados.” Os advogados de Mizael não conversaram com a imprensa depois da audiência.