São Paulo -  “Mãe, meu chapéu está caindo.” “Quem mandou você não colocá-lo no altar para canalizar a energia dele?” O diálogo poderia ter saído de um livro “Harry Potter”, mas é este o tipo de conversa que você pode ouvir na universidade livre de holística Casa de Bruxa , em Santo André, região metropolitana de São Paulo. Enquanto em “Dezesseis Luas”, que estreia esta sexta-feira no Brasil , a protagonista Lena (Alice Englert) vem de uma família de feiticeiros e é incentivada pelos parentes a estudar magia, adolescentes da vida real também começam a frequentar aulas de bruxaria natural no local por influência dos pais.
Foto: Reprodução Internet
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Dona de nove gatos, quatro cachorros e três tartarugas, a família da estudante Larissa Miotto , 16, é bastante mística e transpira magia. “Minha mãe é bruxa e meu pai é mestre de reiki”, explica a adolescente.
O assunto é tão comum para Larissa que ela nem se lembra quando exatamente começou a se interessar por esta arte. “Eu gosto de bruxaria desde que eu me entendo por gente”, disse. Ela frequenta a Casa de Bruxa desde o primeiro ano de sua vida, mas começou a fazer curso de bruxaria apenas em 2012.
Os pais de Laura Regina de Santana , 18, não são bruxos, mas sua mãe, uma aspirante a feiticeira, sempre a incentivou a procurar algo em que acreditar. “Ela sempre teve uma espiritualidade e queria isso para mim também”, explica a jovem.
O primeiro contato com a bruxaria de Laura aconteceu há oito anos, quando participou de um ritual, mas a vontade de estudar o assunto nasceu da ficção: “Quando eu li o livro ‘As Brumas de Avalon’ eu fiquei encantada.”
Ao contrário do que pensam, uma bruxa não aprende magias como levitar objetos, ficar invisíveis e, infelizmente para todas nós, transformar sapo em príncipe. Elas não podem nem mesmo enfeitiçar o gatinho da escola. “Quando a gente faz um pedido, a gente nunca coloca o nome da pessoa”, explica Larissa. “Nós sempre mentalizamos as características de nosso par perfeito”, arremata Laura. Depois disso é só esperar.
'As pessoas acham que vamos transformá-las em sapo'
Em “Dezesseis Luas”, Lena é invocada pela Lua para o caminho do bem ou do mal. Na vida real, elas garantem: os conhecimentos são usados apenas para coisas boas. “Há pessoas que fazem coisas ruins, mas a maldade está nelas e não na bruxaria”, explica Larissa.
De acordo com as adolescentes, a falta de conhecimento sobre a filosofia as transforma em alvos de algumas brincadeiras nem sempre tão ingênuas.
“Quando ficam sabendo que sou bruxa, os meninos começam a falar: ‘Nossa, sai daqui. Amarrado em nome de Jesus’”, diz Larissa. “Já me perguntaram se eu faço um pacto com o demônio, se eu ofereço coisas para ele”. “As pessoas acham que vamos transformá-las em sapo”, complementa Laura.
Este tipo de abordagem não as impede, no entanto, de continuar a fazer feitiços e de dar conta de uma de suas obrigações de feiticeira: cuidar de seu altar de bruxa. “Ele é meio como se fosse a nossa vida, então, quando você o organiza, é como se arrumasse ela também”, explica a estudante de história.
Varinha mágica e chapéu
Assim como manda o “figurino”, as estudantes da Casa de Bruxa de fato usam capa, caldeirão, varinha mágica e chapéu. Mas esses acessórios são obrigatórios apenas em rituais especiais, como a Celebração da Lua Cheia, comemorada na última segunda-feira. Já na rotina normal, elas podem até ser confundidas com “trouxas”, como são chamados os cidadãos comuns nos livros “Harry Potter”.
O curso de bruxaria natural da Casa de Bruxa dura dois anos e custa R$ 1876 por módulo, que dura treze lunações. Por lá, os alunos tem aulas de botânica, astronomia e até culinária. O jovem só pode frequentar as aulas se tiver a autorização dos pais.
Laura Regina de Santana deve terminar os estudos em setembro deste ano, quando será iniciada e receberá o seu nome mágico. “Mas ele ficará apenas entre mim e minha professora”, explica.
No entanto, de acordo com Larissa, não é preciso fazer este tipo de curso para se tornar uma feiticeira também. “Eu acredito que toda mulher tem um pouco de bruxa”, brinca. Segundo as jovens feiticeiras, as pessoas comuns fazem alguns rituais mágicos em pequenos costumes inocentes. “Comer sete sementes de romãs no Ano Novo, por exemplo, é coisa de bruxa”, diz Laura. Ou seja, todos nós somos feiticeiros e nem sabíamos disso. 
As informações são do iG