Venezuela -  Incansável, valente, revolucionário. Populista, autoritário, personalista. Poucos dirigentes políticos latinoamericanos despertaram fora das fronteiras de seus países tanto amor, ódio, admiração e reação como Hugo Chávez. Sua morte cria um vazio ideológico que nenhum presidente dos países da região parece ter disposição ou consistência histórica para preencher.
A presidenta Dilma Rousseff e o líder venezuelano, Hugo Chávez. Ambos lutaram contra o câncer | Foto: EFE
A presidenta Dilma Rousseff e o líder venezuelano, Hugo Chávez. Ambos lutaram contra o câncer | Foto: EFE
O líder máximo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e referência número um dos socialistas e críticos dos Estados Unidos no continente surgiu no cenário venezuelano em 1992, quando, tenente no Exército, comandou 300 soldados numa tentativa de golpe contra o então presidente, Carlos Andrés Pérez, apontado como responsável pela crise econômica por causa das medidas neoliberais. O movimento foi facilmente derrotado, e Chávez, preso. Foi aí que seu nome grudou na memória do povo para não mais sair.
Solto em 1994, ele abandonou a carreira militar para se dedicar à política. Em 1997, transformou o até então clandestino Movimento Bolivariano Revolucionário em partido político oficial, criando o Movimento da Quinta República.
No ano seguinte, com amplo apoio da população mais pobre do país, foi eleito presidente pela primeira vez. Teve 56% dos votos. A primeira medida foi dissolver o Congresso e convocar Assembleia Nacional Constituinte. Em 2000, conseguiu promulgar a nova constituição, na qual mudava o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, e abria espaço a projetos populares.
Com base na nova Carta, aprovada em plebiscito por 71,2% dos venezuelanos, foram convocadas eleições presidenciais, e Chávez foi reeleito, desta vez por 59,7% dos votos.
Em abril de 2002, seu governo enfrentou grandes protestos. No dia 12, o chefe das forças armadas venezuelanas, general Lucas Rincón, afirmou que o presidente havia renunciado e se declarou o novo chefe do país. Dois dias depois, com enormes protestos e o apoio de soldados fiéis, Chávez voltou ao poder.

Morre Hugo Chávez, líder venezuelano

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Chávez durante um discurso na Praça da Revolução, em Havana, Cuba
Em 2004, as classes média e alta tentaram derrotá-lo, mas Chávez se manteve no poder, com 58,2% dos votos. Dois anos depois, se reelegeu presidente, já com 74% dos votos. Em 2009, nova polêmica: propôs emenda constitucional, aprovada pelo povo, que permitia reeleições sem limite para presidente. Ano passado, na disputa mais acirrada que enfrentou, foi eleito pela quarta vez presidente, por 54% dos eleitores venezuelanos.
MOMENTOS POLÊMICOS
1998: ORDEM NA BAGUNÇA
Em novembro, quando era candidato à presidência pela primeira vez, disse: “Vamos fazer um favor ao mundo ao pôr ordem nesta enorme bagunça.”

2002: CAMINHO AO INFERNO
Em maio, afirmou que o neoliberalismo é o “caminho que conduz ao inferno”.

2005: RIQUEZA ‘INUMANA’
Em abril, disse aos empresários venezuelanos que ser rico é “inumano”. Em resposta à proposta americana de criar o Acordo de Livre Comércio entre as Américas (Alca), durante uma reunião na Argentina em novembro, disse: “Alca, Alca, vá para o c...”
2006: ISRAEL E NAZISTAS
Junto ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse: “Nós criticamos Hitler tanto quanto Israel. Mas fizeram algo parecido, talvez pior do que os nazistas”
Em setembro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, Chávez disse que o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, era o “diabo em pessoa” e havia “deixado cheiro de enxofre no plenário da entidade”.
2007: BRASIL ‘PAPAGAIO’
Em maio, enviou suas condolências ao povo brasileiro por ter um “congresso que repete como um papagaio” as críticas do congresso americano em relação à Venezuela. Também em maio, não renovou a concessão do canal privado Radio Caracas Televisión Internacional (RCTVI), o mais antigo do país, que havia apoiado, em 2002, o golpe que o tirou do poder.

2010: CRISE FINANCEIRA
Em janeiro, criticou comerciantes e convocou seus partidários a fiscalizar os que elevassem preços, depois de anunciar a desvalorização da moeda. A medida gerou corrida para estocar alimentos.

2012: VONTADE DE VIVER
"Dá-me vida, Jesus, porque ainda preciso fazer coisas pelo povo venezuelano, pela pátria”, disse em abril, em uma missa comemorativa da Páscoa.