Rio -  Em mais uma semana em que consegue se manter no cargo de presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), o depuado federal Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que não deixará de ocupar a função, mesmo com os contantes protestos na Internet que o acusam de racismo e homofóbico.
Foto: Reprodução Internet
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"Uma renúncia minha agora é como se fosse um atestado de confissão. Eu não sou e tô aqui para provar isso. Eu tô aqui por um propósito, fui eleito por um coletivo, é um acordo partidário, e um acordo partidário não se quebra, só se eu morrer", disse o parlamentar ao programa "Pânico".
Viabilizando acordo
O presidente da Comissão chegou a enfrentar um movimento do partido e da presidência da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para renunciar ao cargo. Nesta quarta-feira, dia em que enfrentou mais um protesto, Feliciano confirmou que ficará no cargo apesar das pressões. No entanto, fontes ligadas à liderança da legenda disseram que o pastor tenta viabilizar um acordo para a sua saída.
Na sessão da última quarta-feira, Feliciano permaneceu por apenas oito minutos presidindo a reunião da comissão. Novamente ele foi alvo de protestos de movimentos sociais e ouviu expressões com “retrocesso não”. Apesar da segurança da Casa ter barrado a entrada de alguns manifestantes, outros conseguiram burlar o bloqueio e fizeram os protestos contra o deputado. Impedido de falar, ele deixou a sessão.
Além de enfrentar a oposição de movimentos sociais, agora Feliciano já enfrenta resistências da maior parte de seu partido, levado a um “desgaste desnecessário”, conforme alguns de seus membros. Até mesmo o líder do partido na Câmara, André Moura (PSC-SE), já demonstrou esse tipo de irritação. O estopim foi a divulgação de um vídeo esta semana em que Feliciano confirma sua vontade em permanecer na comissão para “defender a família brasileira” e ataca seus adversários acusando-os de preconceito contra cristãos, violência e apologia à pedofilia.
Eleição prejudicada
O líder do PSC na Câmara disse a interlocutores que agora a decisão de sair ou não do partido pertence ao próprio Feliciano. Para ele, essa é uma decisão de foro íntimo. Outras pessoas ligadas à liderança do partido informaram que Feliciano tenta viabilizar uma “contrapartida” para deixar o cargo. Isso será discutido ainda nesta quarta-feira e quinta-feira. “Ele não fica no cargo até a semana que vem”, aponta uma fonte ligada ao PSC.
Além de integrantes do PSC, outros deputados da bancada evangélica também já aconselharam Feliciano a deixar o cargo sob o argumento de que hoje essa bancada sofre uma exposição excessiva e isso, em vez de atrair apoio, pode prejudicá-la em novas eleições. Apenas os evangélicos mais radicais, como Jair Bolsonaro (PP-RJ), tem dado aval à permanência de Feliciano na Comissão de Direitos Humanos.
Desde quando chegou à Comissão de Direitos Humanos, Feliciano foi acusado de ser homofóbico e racista e enfrentou várias denúncias.