Rio -  O clima é de expectativa na manhã desta quinta-feira, na Aldeia Maracanã, antigo Museu do Índio, Zona Norte do Rio, diante da possível invasão do Batalhão de Choque (BPChoque). O imóvel está ocupado por índios de várias etnias, mas o governo quer contruir um museu olímpico no local. O prazo para que os índios deixassem o imóvel,determinado pela justiça federal, terminou à meia-noite. Grupos de organizações simpatizantes da causa, como o Femen Brazil, Anonymous Brasil, estudantes e punks, também estão no local em apoio a permanência dos indígenas no antigo Museu do Índio.
O pajé Tobi Itaúna, de 65 anos, do Amazonas, que está na Aldeia Maracanã, ainda acredita que a questão da permanência dos ocupantes no local ainda possa ser resolvida de forma democrática, com base na lei. Ele endossou a delcaração do índio guajajara Daniel Puri, de São Paulo, feita na quarta-feira. Eles defendem uma resistência pacífica, quando da chegada da força policial na Aldeia.
"Vamos resistir até o fim. Se vierem, vamos rezar e cantar. Não admitimos confronto. Pajé não gosta de guerra", pregou. No início da manhã, em volta de uma fogueira, ele realizou uma cerimônia solitária. Ela é feita diariamente, de seis em seis horas, com o intutito de pedir proteção espiritual para os índios, a aldeia e simpatizantes que apoiam a causa.
Índios rezam na Aldeia Maracanã | Foto: Osvaldo Prado / Agência O Dia
Índios rezam na Aldeia Maracanã | Foto: Osvaldo Prado / Agência O Dia
Daniel Puri disse que a comunidade indígena que ocupa a Aldeia Maracanã não abre mão da manutenção do prédio do antigo museu, causa que vem sendo defendida por eles desde a ocupação ocorrida em novembro de 2006. Ele defende que a discussão com as autoridades competentes e com a sociedade sobre o assunto ocorram no espaço, com a presença de todas as etnias indígenas representadas na Aldeia. O objetivo é evitar pressões e assédios nos gabinetes.
A aparente tranquilidade dos índios contrastava com a tensão de participantes de movimentos de apoio à causa. Nos muros, eles observavam a movimentação externa na Avenida Radial Oeste. Houve correria dentro da aldeia quando três motociclistas do BPChoque chegaram ao local. Eles pararam por alguns instantes na via, em frente ao imóvel, mas foram embora.