João Batista Damasceno: O sol no Forte de Copacabana
A privatização da praia situada dentro do Forte de Copacabana, mediante cessão a um empresário que a transformou em espaço VIP, acessível mediante pagamento, é uma demonstração do que se praticou e se pratica no Brasil pelas Forças Armadas e demais órgãos públicos. O mesmo empresário, em passado próximo, instalara uma roda gigante no local, sem licitação.
A organização social fundada em apropriação de bens recebeu o nome de patrimonialismo e em nosso caso se descamba para a apropriação do que é público. Empresários no Brasil enriquecem em razão das relações com o Estado, onde desaparece a distinção entre a esfera pública e a privada que se dilui em proveito dos interesses pessoais.
Ocorrências desta natureza foram muitas durante a ditadura empresarial-militar. Mas os jornais eram proibidos de noticiar, e a sociedade, condenada a não se manifestar, sob pena de torturas, assassinatos e desaparecimentos. “A luz do sol é o melhor dos desinfetantes”, disse o juiz da Corte Suprema Americana, Louis Brandeis. Na escuridão da ditadura não se veria a praia do Forte de Copacabana.
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