Jornada Mundial da Juventude, no Rio, será a segunda vinda de Bergoglio ao país

Jornada Mundial da Juventude, no Rio, será a segunda vinda de Bergoglio ao país

Rio -  Quando desembarcar no Rio, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude, não será a primeira vez que Bergoglio terá visitado o Brasil. Seis anos atrás, ele participou da 5ª Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. O encontro aconteceu em Aparecida do Norte, São Paulo, e o agora Santo Padre foi um dos redatores do documento final.

Francisco observa fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano | Foto: EFE

Para o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, a escolha deve aumentar o público da Jornada Mundial. “A eleição de um latino-americano nos faz ver que haverá um interesse maior em conhecer o Papa”, crê. Existe a expectativa, também, de a agenda do Papa Francisco ser ampliada para o evento, já que ele é dez anos mais novo que Bento 16.

Dom Orani e Frei Betto, colunista de O DIA e escritor, concordam que a escolha dos cardeais revela que a Igreja Católica está olhando com uma atenção especial para a América Latina. “Pode ter sido uma homenagem, já que aqui se concentra o maior número de católicos do mundo”, opina Frei Betto. “Já se ouvia muito em Roma que era preciso se voltar para a América Latina. Esse sinal foi dado”, completou Dom Orani, que vai ao Vaticano cumprimentar o novo líder da Igreja e levar sugestões de pauta para a Jornada Mundial.

Frei Betto também espera que o novo Papa adote reformas na Igreja. “Ele deve começar pela Cúria, onde há corrupção, e não fazer vista grossa diante da pedofilia”.

Novo papa é argentino

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Ao lado dos cardeais que o elegeram, Francisco fala ao público

Foto: EFE

Algumas curiosidades cercam a escolha de Bergoglio. No ano passado, quando completou 75 anos, ele seguiu o Código de Direito Canônico e apresentou ao Papa Bento 16 a renúncia à função de arcebispo da sua Arquidiocese, por causa da idade. O pedido, no entanto, não foi aceito.

Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto trabalhou com Raul Martí, um dos bispos auxiliares de Bergoglio em Buenos Aires. Segundo ele, o novo Papa é uma pessoa de extrema simplicidade e dedicação aos pobres, além ser muito “prático e criativo”, afirmou Dom Antonio Augusto.

Voluntário da Jornada Mundial da Juventude, o argentino Benjamin Paz, 26, que está no Rio desde setembro, comemorou a escolha. “A Argentina está em festa. Ele não era cotado, mas foi uma surpresa agradável”.

Por alguns momentos na internet, o Papa foi brasileiro

A torcida por um Papa brasileiro não deu certo. Mas alguns jornais de países onde ainda se pensa que a capital do Brasil é Buenos Aires fizeram confusão, anunciando que o cardeal Jorge Mario Bergoglio seria brasileiro. Foi o caso do jornal indiano ‘The Hindu’, que estampou em seu site, durante algum tempo, que o novo Papa seria do Brasil. O equívoco foi consertado, mas o registro ficou na internet.

Como não poderia ser diferente, a escolha de Bergoglio mereceu uma avalanche de mensagens de apoio por parte de líderes de diversos países. A presidenta Dilma Rousseff, por exemplo, congratulou o novo Papa em nome do povo brasileiro e disse que há grande expectativa em torno da vinda de Francisco ao Rio, durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho próximo.

Nos EUA, o presidente Barack Obama se disse feliz. “A eleição fala da força e vitalidade de uma região que está dando forma ao nosso mundo”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que está certo de que o Papa Francisco vai se basear no legado de Bento 16. “Espero continuar a cooperação entre as Nações Unidas e a Santa Sé”.

O argentino Maradona, claro, também divulgou nota dizendo-se feliz com a escolha do seu conterrâneo.

Reportagens de Antônio Marinho, Christina Nascimento e Nelson Vasconcelos, com Agências Internacionais