Rio -  Quando eu disse aos meus amigos que ia dar um pulo até Miami, ouvi poucas e boas, do gênero: Miami é uma cidade de velhos e para velhos, só serve para fazer compras, não tem a menor graça! Realmente é um lugar ótimo pra fazer compras. Muito sedutora neste sentido. Porque lá, como em qualquer cidade dos Estados Unidos, tudo é muito, muito barato se comparado com os preços do Brasil. No quesito roupas, tênis e coisas de uso pessoal, então, é brincadeira.
A pessoa mais alienada chega a duvidar do preço marcado nas etiquetas e pode se surpreender ainda mais, no bom sentido, quando chega ao caixa, onde é muito comum o preço ficar menor porque o turista ou morador pode fazer um cartão de desconto da própria loja ou do shopping. Em compensação, paga-se taxa, mas o valor vem impresso na nota e ninguém deixa de te entregar a nota nem cria dificuldades para isto.
Tudo é muito claro e raramente aparece uma vendedora pra grudar no seu pé, dizendo que a roupa larga ou apertada ficou ótima em você. Ainda no item compras vale ressaltar que é democrático: tem tudo pra todos os gostos, das mais famosas e requintadas grifes às roupas tipo “periguetes” das novelas. Aliás, pra ser sincera, são estas que dominam as ruas, os drinques de final de tarde e as boates, numa profusão de gosto duvidoso e cores cada vez mais cítricas.
E como o som que mais se ouve nos lugares é o espanhol você pode ficar à vontade para imaginar a mistura que resulta disto. O mais bacana é poder circular pelas ruas, a qualquer hora, sem medo de ser assaltado, nem de tropeçar porque as calçadas são limpas e bem cuidadas, não há pedras portuguesas mal colocadas e o asfalto das ruas deu certo, não há buracos nem desnível das tampas de bueiros.
Tudo bem sinalizado, pedestres respeitando a sinalização e sendo respeitados pelos motoristas, e milhares de obras, de viadutos, de novas pistas sendo construídas, sem interditar tudo à volta e sem engarrafamentos desnecessários. As estradas são até entediantes de tão eficientes e as divisórias das pistas de alta velocidade são altas, de concreto, para evitar acidentes. Quase não se ouve buzinas nem sirenes de polícia.
Pena que as pessoas gritam muito, riem alto nos restaurantes, no café da manhã, ao celular, nas ruas. Neste quesito perdem para nós. Que fique claro: Miami é, hoje, uma cidade jovem, pulsante, com muita música alta, americana ou hispânica, gente magra indo e vindo sem parar, restaurantes lotados, carros poderosos, lojas cheias. Qualquer loja da Apple parece supermercado popular daqui, em dia de oferta. Quanto aos velhos aposentados, que já foram marca da cidade, não tenho a menor ideia de onde foram parar. Ou se mudaram ou não saem de casa.