Rio -  A mãe do menino Alan de Souza, de 11 anos, encontrado morto no Alto da Boa Vista, na Zona Sul do Rio, afirmou nesta quarta-feira que o filho foi torturado antes de ser morto. Emiliane de Sousa, contou que quando foi reconhecer o corpo no Instituto Médico Legal (IML), percebeu que as duas mãos da criança estavam perfuradas por pregos. Havia dois pregos também no crânio e todas as unhas do pé e das mãos foram arrancadas.
O menino foi enterrado por volta do meio-dia desta quarta no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul do Rio.
Segundo a mãe de Alan, testemunhas com quem ela conversou afirmam que o menino pode ter sido confundido com uma outra criança, que também mora na Favela da Rocinha, assim como a família da vítima. Este menino seria conhecido por praticar furtos na região. Ela acredita que os dois poderiam estar juntos.
Familiares carregam o corpo de Alan de Souza, enterrado no Cemitério São João Batista | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Familiares carregam o corpo de Alan de Souza, enterrado no Cemitério São João Batista | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
O corpo de Alan foi encontrado nesta segunda-feira, jogado em uma ribanceira na Vista Chinesa, ponto turístico do Alto da Boa Vista. O menino estava desaparecido desde o último sábado. Ele foi morto com diversos tiros, dois deles na cabeça.
Em depoimento à polícia, uma testemunha contou que o menino desapareceu após homem armado e uma mulher, que seriam seguranças do Jockey Club Brasileiro, no Jardim Botânico, pegarem a criança na calçada do clube.
“O segurança do Jockey matou meu filho. Confundiram ele com uns garotos que ficam furtando no clube, mas meu filho nunca fez isso”, desabafou ela.
Alan de Souza, de 11 anos, foi morto com diversos tiros | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Alan de Souza, de 11 anos, foi morto com diversos tiros | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Um retrato-falado dos dois suspeitos foi feito pela polícia. De acordo com a descrição da testemunha, o homem é branco, forte, tem cabelo preto raspado, estatura média e usava calça jeans, blusa rosa e tênis preto. A mulher é branca, tinha cabelos loiros com luzes. O caso está na Divisão de Homicídios (DH).
O menino havia ido no sábado ao Jockey com dois amigos. Lá, eles subiram na árvore do clube. Como Alan era muito franzino, não conseguiu fazer o mesmo e ficou na calçada.
De acordo com a testemunha, nesse momento, o homem e a mulher teriam aparecido. Ela contou que pulou para o Jockey e escapou correndo, assim como fez o outro amigo. Alan, que estava do lado de fora, teria sido pego.
Emiliane disse que o filho saiu sábado de manhã para ir à cachoeira com os amigos. Estranhando a demora dele em voltar para casa, começou a procurá-lo. “Passei o dia atrás dele. Fui até em delegacias. Quando procurei pelos amigos, eles me contaram essa história do Jockey”.
Polícia faz análise de gravações de câmeras da região
A Divisão de Homicídios está analisando imagens de câmeras da região. A mãe da vítima contou que, após ouvir o relato dos amigos do filho, foi até o clube. Lá, ficou sabendo que, sábado à noite, houve furto de um aparelho Nextel na casa de máquinas. O caso está no livro de registros do clube e na 15ª DP (Gávea). O Jockey só deve se manifestar nesta quarta-feira.
“Perguntei por que não chamaram a polícia para prender os adolescentes suspeitos e não me explicaram”, contou. Cansada de procurar pelo filho, segunda-feira à tarde, ela registrou o desaparecimento dele na 15ª DP, mas ontem o caso seguiria para a DH porque Alan seria encontrado morto.
“Mesmo que os garotos tivessem feito alguma coisa, teriam que ser presos, até meu filho teria que ser preso e não morto. Ele nunca roubou nada. Era uma criança. Encontraram o corpinho cheio de tiros. Quero justiça”, clamou Emiliane.