Rio -  A manicure Suzana de Oliveira, de 22 anos — acusada de sequestrar, matar e esconder o corpo de João Felipe Eiras de Santana Bichara, de 6 anos, numa mala em casa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense —, premeditou o crime e agiu sozinha.

A conclusão é do delegado da 88ª DP (Barra do Piraí), José Mário Salomão, que descartou a hipótese de participação de outras três pessoas que a manicure tenta incriminar. Nesta quarta-feira, a casa dela, no Centro, amanheceu pichada com xingamentos como “maldita, assassina, prostituta e vagabunda”.

“Pelas nossas investigações, ela (Suzana) agiu sozinha. O recepcionista do hotel (São Luis, no Centro, onde o menino foi morto por asfixia), e os dois taxistas que a conduziram com a vítima da escola até o hotel, e depois de lá para a casa dela, não têm indícios de que foram coniventes com toda a situação. Pelo contrário, contribuíram para que a policia chegasse a Suzana”, justificou Salomão.
Tia-avó da vítima se chocou com comportamento dissimulado de Suzana | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Tia-avó da vítima se chocou com comportamento dissimulado de Suzana | Foto: Alessandro Costa /Agência O Dia
O delegado disse não ter dúvidas também de que se tratou de crime passional. “A motivação real ainda é um mistério, mas essa tragédia foi causada por forte emoção, por sentimento de vingança por parte da autora, que, alem de asfixiar uma pessoa indefesa, ainda rasgou todo o uniforme e quebrou seus objetos em menos de meia hora no hotel”, comentou José Mário, que nesta quarta esperava ouvir os pais de João Felipe.

O advogado da família, Jorge Cruz, alegou que o casal estava sedado e sem condições de prestar declarações. Salomão disse ter ficado espantado com a frieza de Suzana. Além dela ter retirado o garoto do colégio, se passando pela mãe, e matado João Felipe, ela ainda acompanhou Aline na saída das turmas, conforme O DIA revelou nesta quarta-feira.
Paredes de casa da manicure amanheceram pichadas | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Paredes de casa da manicure amanheceram pichadas | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“Em seguida, (Suzana) ainda foi até a delegacia com os parentes, que registraram queixa de desaparecimento do estudante. Fria e calculista”, definiu José Mário. O delegado também não vislumbra, criminalmente, responsabilidade e do colégio no caso.
A família continua inconsolável.

“Ele era tudo para nós. Estamos indignados com a crueldade do crime e com as calúnias levantadas pela assassina (se referindo às insinuações de Suzana, de que teria tido um caso amoroso com seu filho)”, desabafou o avô de João Felipe, Hélio Bichara, 71.

Assassina foi traída por sua suposta esperteza

Suzana foi traída por sua suposta “esperteza” Quando a mãe do menino, na saída do colégio, tentou, desesperada, falar com parentes sobre o desaparecimento do filho, a bateria do seu celular acabou. Foi do aparelho de Aline que Suzana havia ligado para o colégio pedindo a liberação do menino, fingindo ser a mãe dele.
Manicure precisou tirar aplique dos cabelos em presídio | Foto: Divulgação
Manicure precisou tirar aplique dos cabelos em presídio | Foto: Divulgação
“Essa monstra (se referindo à Suzana) chorou, pegou nas mãos de Aline, dizendo que ela tinha que ser forte, acreditar em Deus, e ofereceu o celular. Aline estranhou três chamadas da criminosa para o colégio.

A polícia rastreou e constatou que as ligações para a liberação de João Felipe tinham sido feitas por Suzana, que ainda teve a cara de pau de ir para a delegacia e depois para a casa da família, alegando que, se se tratasse de um sequestro, tinha que ter alguém para atender os telefonemas”, lamentou a tia-avó da vítima, Heliana Bichara, 66.

Nesta quarta-feira, Heraldo Jr. voltou a negar qualquer envolvimento com Suzan. Procurada, a direção do hotel disse apenas que o estabelecimento "é vítima da situação".

Alerta nas escolas

O assassinato brutal do pequeno João Felipe, aluno de uma escola particular, acendeu o sinal vermelho na rede privada de ensino.

“Foi uma tragédia. Serve para a gente redobrar a atenção e se cercar de todos os cuidados durante a entrega das crianças aos responsáveis”, disse a psicóloga Maria Cecília Cury, proprietária da escola de ensino infantil Crianças & Cia, na Tijuca, Zona Norte do Rio. A instituição, que atende crianças da creche aos 6 anos, tem por norma cadastrar no ato da matrícula o nome e documento de identidade de todas as pessoas que poderão buscar o aluno na unidade durante o ano.
Depois de passeata, pelo menos 500 pessoas tentaram invadir a 88ª DP (Barra do Piraí) e linchar a manicure Suzana , que confessou o crime | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Depois de passeata, pelo menos 500 pessoas tentaram invadir a 88ª DP (Barra do Piraí) e linchar a manicure Suzana , que confessou o crime | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“Alguns acham que é desaforo mostrar a identidade. Mas tentamos mostrar que é para a própria segurança da família”, acrescenta a diretora. Segundo ela, os funcionários são orientados a ligar para a casa do aluno em caso de dúvida.

No tradicional Colégio de São Bento, no Centro, os estudantes só são liberados antes do fim das aulas pela coordenação com a presença do responsável ou de pessoas autorizadas por ele, por escrito na caderneta ou na agenda.

No Colégio L'Hermitage Coração Eucarístico, no Flamengo, é feito um cartão com foto do aluno e nome dos responsáveis. Para pegar a criança, é necessário apresentar o documento.