Rio -  Já que o ministro Joaquim Barbosa afirmou em entrevista a correspondes estrangeiros que a Lei da Anistia, de 1979, pode ser modificada e até revista se houver demanda, é hora de lembrar ao STF que novos fatos relacionados com as violações dos direitos humanos no período ditatorial (1964 a 1985) requerem nova postura.
O suicídio de Carlos Alberto Azevedo, filho do jornalista Dermi Azevedo, é uma dessas demandas. Carlos Alberto, quando em 1974 não tinha nem 2 anos, foi conduzido para o Dops de São Paulo com a babá. Os policiais queriam intimidar os pais presos.
A equipe do delegado Sérgio Fleury torturou a criança, chegando até a atingir a cabeça, segundo relato do pai. Ficou com sequelas e nunca mais conseguiu ter uma vida normal. Recentemente, com 40 anos incompletos, suicidou-se depois de mais uma das muitas crises depressivas. Trata-se, sem dúvida, de um crime que responde ao que oatual presidente do STF comentou.
A Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos já se pronunciou no sentido de o Brasil rever a Lei da Anistia, por considerar que crimes contra a humanidade são imprescritíveis. Outra demanda.
Estes e muitos outros fatos, inclusive o relacionado com o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, como o pronunciamento do então deputado estadual da Arena, José Maria Marin, que pedia rigor contra o que considerava “infiltração comunista” na TV Cultura, onde trabalhava Vladimir, devem ser analisados.
Ivo Herzog, filho de Vladimir, vai mais além e está colhendo assinaturas pedindo a destituição de Marin do cargo atual de presidente da CBF. Para Ivo e já centenas de firmantes do abaixo-assinado, não tem cabimento que Marin ocupe cargo dessa natureza, que lhe dá visibilidade como se ele fosse um cidadão qualquer e acima de qualquer suspeita.
Jornalista