Rio -  Alguns jornais nacionais, como se diz na linguagem popular, perderam as estribeiras. Passaram dos limites em matéria de jornalismo tendencioso e aparelhado na cobertura das homenagens dos chefes de Estado e Governo ao presidente Hugo Chávez. As piores adjetivações foram para o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, amigo da Venezuela e admirador de Chávez.
É também um presidente eleito e que encerra o seu mandato em poucas semanas. Depois será professor universitário. Não será chamado para dar conferências em outros países e receber rios de dólares ou euros.
Na incontrolável fúria contra a continuidade do chavismo, a cobertura em pouco tempo mudou o foco do veneno. Até poucas horas antes seus analistas de sempre falavam em divergências na cúpula, sobretudo entre o presidente interino Nicolás Maduro e o presidente do parlamento, Diosdado Cabello. Falavam até em divisões na área militar.
Cabello participou da posse de Maduro, demonstrando reconhecimento pela recomendação expressa de Chávez, antes de viajar para Cuba para a sua quarta cirurgia, de passar o bastão para o ministro do Exterior.

A Justiça deu o aval para a posse, agora interpretando que ele poderia assumir. Mas aí entra a direita, representada pelo governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, derrotado na última eleição presidencial. No mais puro estilo golpista, desancou contra a decisão da Justiça, considerando-a “fraudulenta”.
Na verdade, sabendo que como candidato será derrotado novamente, talvez até por margem maior do que em dezembro, Capriles, que tem apoio golpista internacional, tentará ser ainda mais ousado.
Pode ser que seja o início de uma estratégia para tentar evitar que a continuidade da Revolução Bolivariana. O povo mais uma vez decidirá; aliás, já está nas ruas fazendo isso, e não a direita venezuelana e latino-americana, idealizadores deste contexto golpista.
Jornalista