Moradores da Providência se queixam de remoção imposta
Revitalização do Porto e especulação imobiliária deixam população apreensiva
POR CAIO BARBOSA
Rio - Na esteira da especulação imobiliária que já atinge a Zona Portuária, a remoção de moradores das favelas gera polêmica.
De acordo com os habitantes do morro da Providência — muitos com a inscrição SMH (Secretaria Municipal de Habitação, ou “Saia do Morro Hoje”, segundo eles) pichada em suas casas — o que impera por lá agora é o terror psicológico.
Dona Chiquinha é responsável há 40 anos pela Capela das Almas | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
“Fazem reuniões com a gente, mas só falam de teleférico. Ninguém explica o que acontecerá conosco e o que significa essa pichação nas nossas portas. Daqui eu não saio”, avisa Dona Chiquinha, de 70 anos, e há 40 responsável pela preservação da histórica Capela das Almas, erguida por escravos no alto do morro em 1902.
Especulação
Eduardo Pompéia, engenheiro da Bolsa de Imóveis do Rio, que analisa o mercado imobiliário, explica que o projeto Porto Maravilha é antigo, mas os investimentos só vieram, de fato, recentemente. “É isso que dá confiança aos fundos de investimento”, explica.
SMH garante ter informado os moradores
O secretário municipal de Habitação, Pierre Batista, rechaçou as críticas dos moradores do Morro da Providência e garantiu que todos estão devidamente informados sobre as remoções na comunidade.
De acordo com o secretário, 671 famílias serão removidas para áreas próximas à comunidade, como a Rua do Livramento.
Destas famílias, 60% terão de sair por conta das obras de revitalização da região e 40%, por estarem em área de risco. E deste total, 300 famílias já teriam entrado em acordo com a prefeitura.
“Eu sei que não moro em área de risco, pois é entre a capela e a caixa d’água da elevatória da Cedae. Então, não há risco, ou seja, vão me tirar daqui, da capela que eu cuido, da vista que eu tenho, para reformarem ao gosto do turista. O respeito aos moradores fica onde?”, reclamou Dona Chiquinha, moradora do Morro da Providência há 45 anos.
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