Rio -  Enquanto crescem em quantidade e disputam espaço entre carros e ônibus nas vias do Rio, as motos contribuem para o aumento de acidentes de trânsito. Em seis anos — de 2006 a 2012 —, a frota na cidade quase dobrou, passando de 133 mil para 246 mil. Já os automóveis saltaram de 1,6 milhão para 2 milhões. Segundo a secretaria municipal de Saúde, ano passado, 5.776 motociclistas deram entrada nos quatro grandes hospitais da cidade (Souza Aguiar, Lourenço Jorge, Miguel Couto e Salgado Filho). Isso representa um acidente para cada 43 motos. Nem carros e ônibus — juntos — superam a categoria: 5.190 das vítimas estavam nesses veículos.
Apontadas como principais atrativos pelo veículo de duas rodas, a mobilidade e acessibilidade podem custar caro. Para o especialista em Engenharia de Transportes da Coppe/ UFRJ, Walter Porto Junior, as motos deveriam ser segregadas dos outros meios de locomoção.
“É um absurdo permitirem sua circulação com carros e ônibus. A moto desenvolve velocidades maiores do que os de quatro rodas. Esses veículos têm cinto de segurança, já a moto não tem nem encosto. Qualquer acidente é gravíssimo”, explicou. 
Num horário de bastante movimento, condutor imprudente empina a motocicleta entre carros, ontem à noite, na Rua Mem de Sá, na Lapa | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Num horário de bastante movimento, condutor imprudente empina a motocicleta entre carros, ontem à noite, na Rua Mem de Sá, na Lapa | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Para o ortopedista Thiago Nabuco, de 34 anos, que sofreu acidente em dezembro de 2012, na Av. Sílvio de Noronha, Centro, os motoqueiros já estão vulneráveis ao sair de casa. “Os outros veículos não nos respeitam. Uma kombi, que estava na contramão, me fechou e eu sofri luxação no ombro, no joelho esquerdo e fraturei o direito. Se não fosse o capacete seria muito pior. Só vou voltar a andar fora de áreas movimentadas”, conta Thiago.
Morador de Niterói, o designer Roger Caldeira, de 27 anos, deixa a moto em casa para vir ao Rio. “Trabalho na Tijuca e prefiro não correr riscos. Opto pelo carro ou ônibus. Acho muito tenso o trânsito e os motoristas não respeitam nem os carros, nem motociclistas. Em cima da moto, a gente fica muito exposto”, ponderou.
Curso de capacitação para motoboy
Para garantir a segurança no trânsito, o Detran promoverá curso de especialização de motoboys, ministrado por policiais militares em 11 UPPs e cinco batalhões da corporação.
Segundo o órgão, a partir de 1º de setembro, será exigida a obrigatoriedade do curso para os motociclistas que transportam documentos e mercadorias. A medida atende à Lei Federal 12.009/09.
Meta é treinar e certificar 22 mil motofretistas por ano. O Departamento vem também ministrando aulas gratuitas em sua sede, no Centro. Saiba mais em ‘www.detran.rj.gov.br’.
Velocidade de 30 km/h
Para o especialista em tráfego da Coppe/ UFRJ Walter Porto Junior, o ideal é que as motos fossem segregadas dos outros veículos e sua velocidade em áreas urbanas fosse limitada.
“A moto não está adequada para ser transporte diário e deixa o piloto vulnerável. A velocidade determinada a ela nas vias é a mesma dos outros veículos. É um erro. Para tentar reduzir os riscos, primeiro seria limitar a velocidade para até 30 km/h, e segregá-la, pois cada modo de transporte tem características diferentes e acabam brigando”, enumerou Walter.