Venezuela -  Uma multidão emocionada, vestindo vermelho, acompanhou ontem o cortejo fúnebre do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que morreu de câncer terça-feira, aos 58 anos. O caixão, coberto com a bandeira do país, desfilou durante sete horas por ruas da capital, Caracas. O trajeto de oito quilômetros foi do hospital em que Chávez passou os últimos dias até a Academia Militar, onde o corpo será velado pelo menos até amanhã.
Corpo de Chávez é levado pelas ruas de Caracas | Foto: EFE
Corpo de Chávez é levado pelas ruas de Caracas | Foto: EFE
A mãe do político, Elena Frías, chorava apoiada ao caixão. O vice-presidente, Nicolás Maduro, foi à frente do carro, com o presidente boliviano, Evo Morales. De manhã, salva de 21 tiros de canhão homenageou Chávez. O hino nacional foi tocado, com a voz do líder gravada e entoada por todos.
Segundo o ministro da Defesa, Diego Bellavia, militares sugeriram que os restos mortais sejam colocados no Pantéon, ao lado dos de Simón Bolívar, líder das guerras de independência da América Espanhola, mas a decisão será da família.
O país amanheceu paralisado: poucos foram trabalhar. Foi decretado luto de 7 dias, durante os quais escolas e repartições permanecerão fechadas. O consumo de álcool e o porte de armas foram proibidos.

ELEIÇÃO: MADURO E CAPRILES
Maduro, que assumiu a presidência interina, pediu ontem união no país. De madrugada, afirmou ter ficado satisfeito com a mensagem do líder opositor Henrique Capriles expressando condolências.
Em até 30 dias, haverá novas eleições. O cenário mais provável é que o próprio Maduro seja o candidato do chavista Partido Socialista Unido da Venezuela, e Capriles, o candidato das oposições. Pesquisas recentes mostram Maduro com ampla vantagem, por ter sido declarado pelo próprio Chávez como seu “herdeiro político”.
Funeral com líderes do mundo todo
Pelo menos dez países países decretaram luto oficial por Chávez, inclusive o Brasil. No enterro, estarão presentes líderes do mundo todo. Até mesmo a Casa Branca anunciou que irá mandar uma delegação oficial para a cerimônia de despedida, apesar de a Venezuela considerar os EUA como “inimigo”. Outro que deverá comparecer será o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. A Venezuela é o principal aliado do Irã na América Latina. “Chávez é uma recordação de transparência, valentia, dedicação e incansáveis esforços para servir as pessoas, especialmente os pobres e aqueles marcados pelo colonialismo e imperialismo”, disse Ahmadinejad.
Alguns chefes de governo já estão em Caracas, como a argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José Mujica, e o boliviano Evo Morales. Dilma Rousseff deve desembarcar hoje. Na saída de Montevidéu, Mujica disse que “sentia a necessidade de dar abraço simbólico aos venezuelanos”. Também Sebastián Piñera, do Chile, e Rafael Correa, do Equador, são esperados.
EUA suspendem a concessão de vistos em Caracas
A embaixada dos EUA em Caracas anunciou ontem a suspensão da concessão de vistos. Na véspera, Maduro anunciara a expulsão de dois adidos militares americanos, acusando-os de conspiração contra o governo da Venezuela. Sem explicações, a sede diplomática divulgou que todas as entrevistas marcadas para ontem teriam que ser reagendadas. “Devido a razões de força maior, requeremos modificar a data das entrevistas”, diz a nota. “A Seção Consular não vai conduzir entrevistas para vistos no dia 6 de março. Todos os compromissos terão que ser reagendados”, acrescentou.