Rio -  Com num jogo dos sete erros, a Polícia Civil encontrou, até agora, evidências para indiciar apenas três dos 10 acusados que constavam no relatório da Polícia Militar como traficantes do Caju antes da ocupação do conjunto de favelas. O documento, utilizado no início do mês pelo Ministério Público para denunciar bandidos, incluía vários inocentes.
Na nova investigação, policiais da 17ª DP (São Cristóvão) reuniram provas somente contra Luis Henrique Ferreira de Melo, o Angolano, Paulo Castilho Correia Filho, o Playboy, e Renan Magalhães de Lima, o Tropeço.

Numa foto que foi anexada à investigação, homem segura fuzil na garupa de uma moto no Complexo do Caju | Foto: Divulgação
Numa foto que foi anexada à investigação, homem segura fuzil na garupa de uma moto no Complexo do Caju | Foto: Divulgação
Investigadores também conseguiram, através das fotos anexadas ao relatório, identificar mais um criminoso, conhecido como Valtinho, que não estava na lista inicial.
“Isso não quer dizer que contra os outros citados no inquérito não possa haver nada, mas, até agora, também não encontramos nada que os incriminem”, revelou o delegado Maurício Luciano de Almeida.
Entre os casos evidenciados com erros estavam o de um adolescente e os de Rodrigo Marcelino da Silva, Fabio Araujo Dutra e Jonathan Jaílton Vilela. Nesta nova investigação, a 17ª DP buscou provas em antigos inquéritos. De acordo com o delegado, as evidências foram anexadas aos indiciamentos para consolidar as denúncias contra os suspeitos.
“O que fizemos foi acrescentar acusações de outras investigações da própria delegacia aos suspeitos, que realmente estão identificados corretamente. Além disso, através das imagens e outros procedimentos, conseguimos identificar outro acusado de tráfico da região”.
No início desta semana, o comandante do 1º CPA, coronel José Luis Castro Menezes, prestou depoimento na 17ª DP e, segundo o delegado, confirmou que tinha conhecimento do relatório e autorizou o encaminhamento do mesmo ao MP.
Oficial prestou serviço para a Liesa em 2009
O relatório da PM foi elaborado pelo tenente Carlos Augusto Goulart do Amaral e assinado pelo tenente-coronel Antônio Jorge Goulart de Mattos, coordenador de Inteligência da PM. Em 2011, o tenente- coronel, então major, foi punido, junto com outros 10 oficiais, por prestar serviço no Carnaval de 2009 à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Na época, a investigação da PM concluiu que o pagamento do ‘bico’ chegaria a, no máximo, R$ 800 pelo dia de serviço.
No caso do Caju, os dois depuseram na 17ª DP e afirmaram que alguns oficiais, entre eles o chefe do Estado-Maior Operacional da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, estavam presentes na reunião que definiu a entrega do documento ao MP. A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima apura os crimes de falsidade ideológica e calúnia, entre outros, já que a foto de um menor, que seria inocente, foi incluída no processo.