Rio -  Moradores de Barra do Piraí, no Sul Fluminense, se uniram nesta terça-feira num só pedido de Justiça pelo assassinato do estudante João Felipe Eiras de Santana Bichara, de 6 anos. Depois de uma passeata, pelo menos 500 pessoas tentaram invadir a 88ª DP (Barra do Piraí) e linchar a manicure Suzana de Oliveira, de 22 anos, que confessou o crime, ocorrido na segunda-feira. A frieza de Suzana, que trabalhava para a mãe do garoto — a empresária do ramo imobiliário, Eliane Santana —, deixou a população ainda mais indignada.
Depois de passeata, pelo menos 500 pessoas tentaram invadir a 88ª DP (Barra do Piraí) e linchar a manicure Suzana , que confessou o crime | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Depois de passeata, pelo menos 500 pessoas tentaram invadir a 88ª DP (Barra do Piraí) e linchar a manicure Suzana , que confessou o crime | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Pouco depois de matar o menino asfixiado num hotel e esconder o corpo numa mala em casa, ela ainda acompanhou Eliane na saída do colégio e simulou desespero ao lado dela, quando foi informada de que João Felipe supostamente já tinha sido pego pela madrinha, de nome Manoela.
“Segundo testemunhas, ela chorou e abraçou a mãe de João Felipe, consolando”, comentou a professora Márcia Costa, do tradicional Instituto de Educação Nossa Senhora Medianeira.
Pouco depois de 14h, se passando por Eliane, Suzana havia ligado três vezes para o colégio, afirmando que a babá o tinha mandado para a escola por engano e que ele tinha médico. Suzana disse que Manoela o apanharia na escola num táxi.
“Quando o taxista chegou, ele (João Felipe) comentou com uma funcionária da escola: ‘Ué, por que vou ao médico se não estou doente?”, contou Márcia.
Suzana já havia reservado quarto no Hotel São Luiz, perto da escola. Segundo funcionário do estabelecimento, ela ficou cerca de meia hora lá com o menino. Depois, saiu com ele nos braços, aparentemente desmaiado, e pegou outro táxi.
“Como a notícia do desaparecimento se espalhou, o recepcionista do hotel ligou para o taxista, seu conhecido, que contactou a polícia”, disse o delegado da 88ª DP , José Mário Salomão.
Confissão acompanhada de histórias
Suzana, que conhecia a família há três anos, só quer prestar depoimento perante o juiz. Na delegacia, só confessou quando a polícia encontrou o corpo do menino em mala nacasa dela, mas não demonstrou arrependimento.
“Informalmente, ela contou que queria dar susto no pai de João Felipe (o empresário Heraldo Bichara), com quem, segundo ela, mantinha caso há mais de um ano. Depois, disse que pediria resgate para pagar dívidas de irmão envolvido com drogas”, detalhou José Mário, que indiciou Suzana por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e emboscada) e ocultação de cadáver.
Drama familiar durante enterro
O corpo de João Felipe foi enterrado pela manhã no Cemitério Recanto da Paz, no Centro. Uma multidão acompanhou o sepultamento. Os pais do menino, que era filho único, passaram mal e tiveram que ser amparados. “Essa tragédia foi uma bomba atômica sobre nossa família”, desabafou o avô de João Felipe, Heraldo Bichara, 71, que em 1955 perdeu a filha Vanusa, assassinada a tiros pelo marido. O filho dele, de mesmo nome, nega relacionamento amoroso com Suzana.
O delegado José Mário Salomão disse que o taxista que pegou o menino na escola está sendo investigado, por enquanto, como testemunha.