Professores agredidos são humilhados nas delegacias
Educadores recorrem à Corregedoria e até ao Ministério Público para registrar queixas
POR CHRISTINA NASCIMENTO
“Fui tratada com sarcasmo. Tinha sido esbofeteada, socada. Passar por esta situação me deixou pior ainda. Um policial não tem que tomar partido. Ele tem que fazer o trabalho dele, que é registrar o fato”, afirmou Leila, que procurou a Corregedoria para relatar o tratamento que recebeu na 24ª DP (Piedade).
Alunos mostram cartazes contra violência na porta de escola municipal onde diretora foi espancada | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Situações como a dela são mais comuns do que se imagina. Professor de uma escola estadual de Brás de Pina foi ridicularizado ao tentar fazer a queixa na 22ª DP (Penha) contra dois alunos, de 20 e 21 anos, que o agrediram verbalmente. “Fui atendido por um inspetor que do primeiro ao último momento se negou a fazer o boletim. Ele disse que a polícia é para resolver crimes e não problemas escolares”, contou o educador.
Polícia Civil orienta ir à Corregedoria
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, todos os professores têm o direito de fazer o registro de ocorrência quando procurarem uma delegacia. Segundo eles, “o cidadão que se sentir desrespeitado deve procurar a Corregedoria Interna da Polícia Civil para denunciar”.
A instituição afirmou ainda, em nota, que uma das das principais diretrizes da gestão da chefe de Polícia Civil, a delegada Martha Rocha, é o bom atendimento ao público, com respeito, eficiência e ética.
Secretarias admitem: não há política interna antiviolência
Apesar da dificuldade dos professores, a orientação das secretarias de Educação do Estado e do município é para que os casos de agressão sejam registrados na delegacia. Segundo os dois órgãos, não há nenhuma política interna direcionada para tentar resolver a questão da violência apenas no âmbito da unidade escolar.
“O policial está estressado, sobrecarregado, sem equipamento de trabalho. Quando ele se depara com um professor agredido, ele não consegue entender que isso é crime, por isso tenta desmotivar o registro”.
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