Promotor diz que Bruno comandava o tráfico em Ribeirão das Neves
Henry Vasconcelos diz que jogador era um goleiro apenas 'razoável' e o chama de canalha
POR | ADRIANA CRUZ ALINE FREIRE VANIA CUNHA |
Contagem (Minas Gerais) - O promotor Henry vasconcelos afirmou nesta quinta-feira, no Tribunal do Júri de Contagem, em Minas Gerais, que o goleiro Bruno comandava o tráfico de drogas em Ribeirão da Neves, também em Minas. Bruno está sendo julgado no tribunal pelo assassinato de Eliza Samudio.
"Bruno sempre foi envolvido com o narcotráfico. Isso está nos autos do processo. Várias vezes já se disse, aqui no plenário, através de depoimentos, que quem mandava no narcotráfico de Ribeirão das Neves era Bruno, Macarrão e Cleiton (ex-motorista de Bruno)", atacou o promotor.
Falando para o júri, o promotor leu o depoimento de um segurança do traficante Nem da Rocinha, que relatou que Bruno frequentava a favela, se encontrava com o chefe do tráfico na época e ainda ia à festas "regadas a cocaína e maconha".
Henry leu ainda uma carta de amor que Bruno escreveu da cadeia para Fernanda Castro, sua namorada na época. "Estou louco de vontade de ficar com você, de te beijar, de te abraçar, de fazer amor com você.. Que vontade! Estou com o coração explodindo", escreveu o goleiro. Ingrid Calheiros, atual mulher do jogador, no plenário ouviu a apresentação da promotoria em silêncio.
Bruno chega para o quarto dia de julgamento | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Com isso, o promotor tentou mostrar ao júri que a jovem tinha medo do goleiro e que relatava para vários amigos as ameaças que sofria.
Enquanto Henry Vasconcelos falava para o júri, o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, tentou fazer um protesto à juíz Marixa Rodrigues. "O promotor está cuspindo nos jurados, excelência", disse o defensor.
"Isso mostra que Bruno estava no comando, no controle, no monitoramento da morte de Eliza Samudio", declarou a promotoria. "Ele mentiu vergonhosamente dizendo que não sabia quantas pessoas estavam sob sua responsabilidade", continuou.
Bruno se recusa a responder perguntas até mesmo de seu advogado
Chamado novamente para prestar depoimento nesta quinta-feira, Bruno se recusou a responder perguntas, até mesmo as feitas pela defesa.
No tribunal, Bruno disse apenas que sabia que a ex-modelo seria morta. "Eu sabia que Eliza iria morrer e também imaginava. Por causa das brigas constantes e agressões do Macarrão (Luiz Henrique Ferreira Romão, seu ex-braço direito)". Em seguida, o atleta pediu desculpas e disse que não responderia a nenhuma pergunta, nem de seus defensores.
O goleiro então, deixou o plenário e Ércio Quaresma, defensor do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado de executar Eliza, voltou ao salão do júri e e fez novas perguntas ao vento. No momento, até a cadeira do réu foi retirada do Tribunal. Foi a terceira vez que Quaresma fez perguntas para olhando para o nada.
Nesta quinta-feira, o defensor pediu para questionar a ex-mulher do goleiro Bruno, Dayanne Rogrigues. Os advogados dela, no entanto, a retiraram do tribunal. Ele então seguiu com seus questionamentos, sempre fitando a cadeira vazia onde deveria estar Dayanne. Quaresma tenta com essa estratégia livrar seu cliente de culpa.
Nesta quarta, a advogado já havia feito perguntas para a cadeira vazia. Elas seriam para Bruno, mas como o goleiro se recusou a responder às primeiras questões propostas por Quaresma, o próprio pediu pra que a juíza determinasse a saída do réu do salão do júri e seguiu com suas perguntas, mesmo sem ter para quem fazê-las.
Dayanne confirma participação de Zezé no crime
No início da sessão desta quinta-feira, no julgamento de Bruno, a ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues, pediu para prestar novo depoimento. Ela também é ré no processo, por sequestro e cárcere privado de Bruninho.
Com o consentimento da juíza Marixa Rodrigues, ela respondeu a perguntas de seus advogados, da promotoria e da própria magistrada.
Dayanne confirmou que recebeu ligações do ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, e que ele a pediu para entregar Bruninho para Coxinha, motorista do sítio de Bruno na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo Dayanne, em primeiro telefonema de Zezé, ela se recusou a entregar a criança, mas depois, em uma outra ligação, Zezé afirmou que havia falado com Macarrão e que ela deveria entregar Bruninho. Só então ela atendeu a esse pedido.
Questionada pela juíza, Dayanne afirmou que tem medo de Zezé. "Tinha e estou com medo agora, depois do que Bruno falou ontem (no depoimento). Tenho medo pelas minhas filhas, minha família. Se ele é uma pessoa perigosa, temo pela minha vida e pela vida de minhas filhas", disse ela.
Após o depoimento da ré, Tiago Lenoir, advogado de Dayanne, negou que tenha havido uma estratégia para que um novo depoimento agravasse a denúncia contra Zezé, em troca de uma possível absolvição. "Ela não incriminou ninguém. Apenas se defendeu", disse o defensor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário