Rio -  A degradação do ecossistema marinho em todo o planeta é uma das maiores preocupações dos cientistas, que quebram a cabeça para encontrar soluções criativas para atenuar o problema. No Rio, pesquisadores da Coppe/UFRJ estão dando a sua contribuição. A instalação de um recife artificial a cerca de 8 quilômetros do litoral de Rio das Ostras, no Norte Fluminense, começou a dar frutos, ou melhor peixes: são chernes, enxadas e pargos, que procuram a área para obter alimento e abrigo e se reproduzir.
O projeto do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da Coppe, em parceria com a Petrobrás, o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira e a Federação de Pescadores do Estado do Rio de Janeiro, está recuperando a biodiversidade marinha na área do recife artificial. A ideia poderá ser levada a outras regiões do litoral.
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Foto: O Dia
Arte: O Dia
Na construção do recife, em uma área de 20 mil metros quadrados, foi aplicada tecnologia pioneira. Os técnicos usaram tubos de aço reciclados da indústria de petróleo na Bacia de Campos, material que seria descartado.
Além dos tubos, o recife tem uma área feita com concreto, criada para efeito comparativo de atração e reprodução de espécies. E foi a partir desse projeto da Coppe que o Ibama passou a regulamentar o uso de recife artificial no litoral do país.
Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação da Coppe, diz que a tecnologia do recife artificial não causa danos ambientais. Os pesquisadores partiram de experiências no Japão e nos Estados Unidos. “Fizemos braçadeiras especiais para montar os encaixes dos tubos, sem necessidade de solda. O recife artificial ajuda na recuperação do ecossistema marinho e no incentivo à pesca artesanal e ao turismo. Porém, tudo tem que ser feito com muito cuidado e leva alguns anos para a vida se estabelecer”.
Marcos Pedreira Silva, técnico do LTS responsável pelas operações de mergulho, diz que a instalação de recifes artificiais depende de avaliação prévia dos impactos no mar e nas comunidades vizinhas. Em Rio das Ostras eles conseguiram bons resultados. Os pescadores hoje contam que capturam enxada no recife, algo que não acontecia há anos.
“Esse é um peixe que está ali de passagem. Outros pescadores comentam que já não precisam navegar até perto das plataformas para captura. Mas o recife artificial não pode ser a solução para a degradação do mar e a melhora das condições de pesca”.
Reportagem: Antônio Marinho