Rio -  Muito lixo, água parada que é foco de mosquitos, ratos, urubus e entulho por toda parte. Esta é a paisagem de quem mora na Estrada das Cambucas, em Rosa dos Ventos, no município de Nova Iguaçu. O terreno, de propriedade da Light, há anos vem sendo usado como lixão por diversas empresas particulares, além de caminhões de limpeza da própria prefeitura, conforme relatado pelos moradores.
Em menos de 15 minutos no local, reportagem do DIA flagrou um caminhão (placa DSI 6083) jogando alta quantidade de entulhos na área. Ao ser questionado, o motorista respondeu apreensivo: “Estou jogando os entulhos aqui para não deixar a água parada e ajudar os moradores a não pegarem dengue no meio dessa porcaria toda”, alegou o rapaz, que não quis se identificar.
Caminhão despeja entulhos no terreno da Light, que é rodeado por casas. Mau cheiro é sentido de longe | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Caminhão despeja entulhos no terreno da Light, que é rodeado por casas. Mau cheiro é sentido de longe | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Moradora do bairro há 12 anos, a comerciante Sandra Regina, de 41 anos, sofre com o descaso há 8 anos. “Não somos animais para vivermos no lixão. Quando digo onde moro para os amigos e eles perguntam se a referência é o lixão, fico muito constrangida. Minha mãe, de 72 anos, pegou dengue no verão passado. A gente morre de calor com as janelas fechadas, com medo dos mosquitos. E quando chove, o lixo é arrastado pela água até nossas portas. As crianças, curiosas, já rasgaram o pé todo com cacos de vidro neste lixo”, desabafou.
A Light informou que o terreno é utilizado como faixa de segurança das linhas de transmissão da empresa, e que, inicialmente cercado, teve sua proteção arrancada por terceiros, que o utilizaram como área de descarte.
A companhia afirma que, em diversos momentos, reinstalou cercas de arame no local, mas as mesmas foram seguidamente retiradas. A empresa ressalta ainda que o descarte de lixo e entulhos é proibido no local, e que está adotando as providências necessárias para a limpeza do terreno e a retirada do lixo de seu interior.
População acusa empresa
O eletricista e morador da Estrada das Cambucas, Evaldo Correia, de 51 anos, contesta a versão de que a empresa esteve no local para cercar a área. “É mentira! Nunca vieram aqui, muito menos para cercar o local. Eles estão subestimando a nossa inteligência, só pode!”, disse, indignado.
A comerciante Sandra Regina dos Santos, de 44 anos, moradora da da casa 74, afirma ainda que o local já foi cercado duas vezes, só que pelos próprios moradores. “Pagamos duas vezes, do nosso próprio bolso, e cercamos. Mas os caminhoneiros arrancaram. Sabe por que não cerco mais? Já fui ameaçada”, disse.