A Odisséia de Ulisses: jogador ex-Flu e Vasco se livra das drogas
POR MARCIA VIEIRA
Jogador teve problemas com drogas | Foto: Divulgação
Doze dias antes de ser contratado pelo Vasco para jogar a Série B do Brasileiro, o jogador brigou com um vizinho e apertou o gatilho de um revólver por duas vezes, alegando legítima defesa. Um dos tiros acertou a mão do rival.
Enquadrado no artigo 121, combinado ao 14 do Código Penal, foi indiciado por tentativa de homicídio. Se condenado, poderá pegar de 2 a 12 anos de prisão no julgamento que deverá ocorrer ainda este ano. Arrependido de tantos passos em falso, Ulisses se diz um novo homem.
ESTOQUISTA DE LOJA
Hoje, ganha a vida como estoquista em uma loja de peças, em Campo Grande, e tenta ser no dia a dia um bom pai para Kauã e Caio. Nos fins de semana, mata a saudade da bola jogando no time do Agapito, no campinho de terra batida, no Rocha, em São Gonçalo. Triste realidade para quem um dia deixou na reserva o lateral Marcelo, do Real Madrid e titular da Seleção.
“Dá até vontade de chorar... e ele não manda nem uma merrequinha para mim. Dá um bicho aí (risos)...”, pede, em tom de brincadeira, para depois voltar a falar sério. “O meu reserva não era um qualquer, era o Marcelo, excelente jogador. Isso me dá mais autoestima e vontade de voltar a jogar futebol”.
Mas, para reconquistar o que perdeu, Ulisses terá primeiro que driblar a forte desconfiança em relação às drogas: “Quando você sobe (profissional), é a joia, todo mundo quer ficar perto. Aí, se envolve com as pessoas, vem a bebida, mulheres, noitadas e o futebol fica de lado. Em relação às drogas, graças a Deus, vai fazer dois anos que não uso”. A força maior para se manter nos trilhos vem dos filhos, a quem sempre mostra com ar saudosista as fotos dos tempos de Tricolor.
“Eles se amarram e dizem orgulhosos: ‘Papai jogava no Fluminense e eu também vou jogar’. E me perguntam porque não jogo mais. Isso mexe comigo. Por causa disso, quero ser o melhor exemplo para que eles não repitam meus erros no futuro”, afirma.
DESCULPAS AO VIZINHO
Foi justamente uma reflexão sobre o passado que motivou sua transformação pessoal: “Vejo meus amigos jogando e penso que não estou ali só por causa de mim mesmo.Por isso, botei um ponto final nessa história”.
Mesmo sabendo que não será fácil retomar a carreira, Ulisses pede outra chance aos deuses do Olimpo do futebol: “Peço as pessoas que sabem do meu potencial que me deem uma chance de voltar a fazer o que mais
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