Beltrame quer ação imediata contra roubos na Presidente Vargas
Segunda reportagem de série especial do DIA mostra como os bandidos que atuam na via agem para identificar e surpreender suas vítimas
POR HILKA TELLES
O secretário disse que a polícia tem obrigação de dar uma resposta sobre a falta de policiamento nos pontos da via onde foram flagrados vários ataques.
Um ladrão passa pelo ponto do BRS. Ele avança no cordão de uma mulher que aguarda o ônibus. Depois de arrancar a joia, o bandido foge em disparada rumo à Central | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
A cobrança do secretário de Segurança após a publicação do DIA já começa a surtir efeito. Nesta quarta-feira, também um número maior de policiais patrulhavam a área. O 5º BPM (Praça da Harmonia) reforçou o policiamento com mais quatro viaturas e dois policiais em motos.
As táticas usadas
Nesta quinta-feira, a segunda parte da série mostra as táticas dos bandidos para escolher vítimas em potencial e os estratagemas para bater em retirada depois do roubo.
A equipe de reportagem registrou os flagrantes na semana passada, posicionando-se próximo à esquina das avenidas Presidente Vargas e Passos.
As táticas usadas
Nesta quinta-feira, a segunda parte da série mostra as táticas dos bandidos para escolher vítimas em potencial e os estratagemas para bater em retirada depois do roubo.
A equipe de reportagem registrou os flagrantes na semana passada, posicionando-se próximo à esquina das avenidas Presidente Vargas e Passos.
Dois ladrões passam correndo diante de um guarda municipal <QA0> de trânsito, na Avenida Passos, depois de terem roubado uma vítima | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Foi possível observar como os bandos se organizam. Por volta das 7h, quando os trabalhadores começam a chegar, os grupos de larápios vão saindo daqui e dali. Uns vêm pela Presidente Vargas, a partir da Candelária, outros surgem dos dois lados da Avenida Passos ou da Rua Uruguaiana.
A partir das 8h, as ações se intensificam e só são interrompidas em torno das 11 horas, para serem retomadas depois das 18h. Os bandos se dividem por idade. Os que parecem ter entre 12 e 16 anos andam em grupos de quatro a oito integrantes e geralmente têm compleição física modesta: são baixos e magros.
Caminhar junto parece ser uma estratégia de defesa, caso algum pedestre resolva reagir. Quando há reação, o grupo se aproxima e fica a uma distância curta para ameaçar, coagir e fazer a vítima acreditar que será atacada por todos.
Os que aparentam de 16 a 18 anos e já são mais altos preferem andar em duplas, no máximo em trio. Os mais velhos, mais corpulentos e senhores de si e do pedaço, agem sozinhos. Para eles, tamanho é documento para intimidar a vítima.
Em comum, a maioria se traja de maneira casual, para não despertar suspeitas: camiseta e bermuda que parecem ser de qualidade, tênis de marca e boné.
A partir das 8h, as ações se intensificam e só são interrompidas em torno das 11 horas, para serem retomadas depois das 18h. Os bandos se dividem por idade. Os que parecem ter entre 12 e 16 anos andam em grupos de quatro a oito integrantes e geralmente têm compleição física modesta: são baixos e magros.
Caminhar junto parece ser uma estratégia de defesa, caso algum pedestre resolva reagir. Quando há reação, o grupo se aproxima e fica a uma distância curta para ameaçar, coagir e fazer a vítima acreditar que será atacada por todos.
Os que aparentam de 16 a 18 anos e já são mais altos preferem andar em duplas, no máximo em trio. Os mais velhos, mais corpulentos e senhores de si e do pedaço, agem sozinhos. Para eles, tamanho é documento para intimidar a vítima.
Em comum, a maioria se traja de maneira casual, para não despertar suspeitas: camiseta e bermuda que parecem ser de qualidade, tênis de marca e boné.
Um pedestre e outro guarda imobilizam um ladrão que acabara de assaltar uma vítima. Sem achar o produto do roubo, eles o liberam | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Todos agem como uma espécie de camaleão: usam mochilas, onde carregam camisetas para serem trocadas após os roubos; vestem uma camiseta por cima da outra. Duas, três e às vezes até quatro peças. E aí é só ir retirando a de cima, para despistar.
Os grupos preferem caminhar pelas três calçadas centrais da Presidente Vargas, onde há menos movimento de pedestres do que nas duas calçadas laterais.
O estratagema traz duas vantagens. Mobilidade maior no momento de fuga depois que atacam suas vítimas, quando atravessam no meio dos carros de uma calçada para outra num vai-e-vem incessante.
E também mais segurança no momento do ataque, pois, com menos gente transitando por ali, é mais difícil um pedestre resolver intervir.
Os bandos se dividem pelas três calçadas centrais procurando suas vítimas em potencial: pessoas que usam cordões de ouro ou estão com celular vistoso nas mãos. Ora eles caminham lado a lado, ora em fila indiana, se revezando nas calçadas. O olhar é de lince, de águia, habituado com o brilho do ouro ou o modelo do celular de última geração.
Os que andam apenas em dupla ou trio vão sempre em fila indiana, a uma distância de dois ou três metros um do outro, como se estivessem sozinhos. Conforme vislumbram a vítima em outra calçada, atravessam para checar de perto o valor da mercadoria.
Quando um dos integrantes pratica o roubo, todos correm. Saem em desabalada carreira, se agacham entre os carros que passam, depois se erguem, mudam constantemente de calçada e só vão se reagrupar a poucos metros da Praça da República.
Na volta para uma nova investida, a maioria evita a Presidente Vargas. Os percursos preferidos são a Avenida Marechal Floriano ou as ruas da Saara, para desembocar nos dois lados da Avenida Passos ou da Rua Uruguaiana.
Muitas vezes os bandidos desistem de atacar quando acham que o cordão da vítima é uma bijuteria. Passam direto e reiniciam a caçada.
E sempre olham para trás e para os lados, certificando-se que não estão sendo seguidos. Durante a peregrinação à cata dos incautos, eles cruzam inúmeras vezes com guardas municipais.
Guarda libera assaltante
Os guardas municipais são um capítulo à parte: os ladrões passam correndo ao lado deles, em fuga, depois de já terem atacado alguém, sem serem incomodados na maioria das vezes.
No dia 15, a reportagem do DIA observou que um guarda municipal de trânsito, posicionado na Rua Uruguaiana, intercedeu. Porém, o ladrão acabou sendo solto. Naquele dia, um pedestre deteve um dos ladrões na calçada entre as pistas centrais, logo depois de ele atacar uma mulher.
Imobilizou o bandido e gritou pelo guarda, que foi em seu auxílio. O ladrão foi revistado, mas como não estava com o objeto roubado, acabou liberado.
Três minutos depois, o grupo voltou ao local onde o rapaz tinha sido pego e localizou no chão o que seria o cordão roubado pouco antes. Procurada, a Guarda Municipal explicou que os guardas só podem deter os ladrões quando flagram o ataque ou são alertados pelas pessoas.
Os grupos preferem caminhar pelas três calçadas centrais da Presidente Vargas, onde há menos movimento de pedestres do que nas duas calçadas laterais.
O estratagema traz duas vantagens. Mobilidade maior no momento de fuga depois que atacam suas vítimas, quando atravessam no meio dos carros de uma calçada para outra num vai-e-vem incessante.
E também mais segurança no momento do ataque, pois, com menos gente transitando por ali, é mais difícil um pedestre resolver intervir.
Os bandos se dividem pelas três calçadas centrais procurando suas vítimas em potencial: pessoas que usam cordões de ouro ou estão com celular vistoso nas mãos. Ora eles caminham lado a lado, ora em fila indiana, se revezando nas calçadas. O olhar é de lince, de águia, habituado com o brilho do ouro ou o modelo do celular de última geração.
Quando um dos integrantes pratica o roubo, todos correm. Saem em desabalada carreira, se agacham entre os carros que passam, depois se erguem, mudam constantemente de calçada e só vão se reagrupar a poucos metros da Praça da República.
Na volta para uma nova investida, a maioria evita a Presidente Vargas. Os percursos preferidos são a Avenida Marechal Floriano ou as ruas da Saara, para desembocar nos dois lados da Avenida Passos ou da Rua Uruguaiana.
Muitas vezes os bandidos desistem de atacar quando acham que o cordão da vítima é uma bijuteria. Passam direto e reiniciam a caçada.
E sempre olham para trás e para os lados, certificando-se que não estão sendo seguidos. Durante a peregrinação à cata dos incautos, eles cruzam inúmeras vezes com guardas municipais.
Guarda libera assaltante
Os guardas municipais são um capítulo à parte: os ladrões passam correndo ao lado deles, em fuga, depois de já terem atacado alguém, sem serem incomodados na maioria das vezes.
No dia 15, a reportagem do DIA observou que um guarda municipal de trânsito, posicionado na Rua Uruguaiana, intercedeu. Porém, o ladrão acabou sendo solto. Naquele dia, um pedestre deteve um dos ladrões na calçada entre as pistas centrais, logo depois de ele atacar uma mulher.
Imobilizou o bandido e gritou pelo guarda, que foi em seu auxílio. O ladrão foi revistado, mas como não estava com o objeto roubado, acabou liberado.
Três minutos depois, o grupo voltou ao local onde o rapaz tinha sido pego e localizou no chão o que seria o cordão roubado pouco antes. Procurada, a Guarda Municipal explicou que os guardas só podem deter os ladrões quando flagram o ataque ou são alertados pelas pessoas.
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