Rio -  Recentemente, ajudei a engordar as estatísticas do grande número de brasileiros que passam as férias nos EUA. Passeando por uma grande loja de decoração, vi uma cúpula que seria perfeita para a nova casa da minha mãe. Mandei a foto por e-mail e ela adorou, dizendo que nos últimos três meses havia rodado pelo comércio daqui, atrás de um modelo daquele tipo, e nada. E pedido de mãe que filho não atende?
Tudo pago, embrulhado, veio então a dúvida: como levar uma cúpula na minha mala? Pensei... Despacho em uma caixa ou pelo correio? Como iria ainda viajar e trocar de hotel , achei que a melhor forma seria mandar por uma transportadora ao Brasil. O objeto custou aproximados R$ 100 e por isso estaria dentro dos limites da lei. Pedi na recepção do hotel, então, uma transportadora para levar aquela caixa enorme, porém leve e de conteúdo frágil.Em terras americanas, tudo foi fácil. Na própria recepção preencheram os papéis e enviei, com a nota fiscal.
Terminadas as minhas férias, depois de duas semanas, retornei ao Brasil e, quando chego em casa, nada de cúpula. Fiquei tenso... o que falar para a minha mãe, agora? Pouco tempo depois, recebo uma ligação do aeroporto de Campinas. Um funcionário dizia que o objeto estava no despacho, mas precisavam do meu CPF para que pudessem efetuar a entrega. Passei o número, mas depois disso recebi carta solicitando que mandasse, por e-mail, mais informações sobre o produto. Foram muitas trocas de e-mail até que passadas três semanas recebo a sonhada cúpula com uma surpresa: deveria pagar no ato da entrega, em dinheiro, taxa de mais de R$ 130 ou então o produto voltaria ao aeroporto. Isso, sem contar aquele valor da entrega que havia pago nos Estados Unidos, no meu cartão.
Com calma, mas indignado, depois de pagar fui ver o que era aquela taxa — 60% de imposto de importação, 15% de ICMS do valor declarado, um valor de 16 dólares para a Infraero, outros 10 dólares por pesquisa de CPF (Ué? Não fui eu quem mandou por e-mail meu CPF?) e mais 1% para o Fundo de combate à pobreza e desigualdades sociais. Pensei: a cúpula triplicou de preço. Às vezes , não entendemos porque os nossos produtos são tão caros. E porque um celular custa exatamente três vezes mais barato lá fora. Achamos que nossos lojistas estão ganhando rios de dinheiro, mas na realidade pagamos essa pilha de impostos para ruas esburacadas, lixo jogado nas esquinas e uma saúde pública de péssima qualidade. Uma lição eu aprendi. Descobri novas taxas, impostos e decididamente vou valorizar ainda mais os nossos comerciantes.