terça-feira, 9 de abril de 2013

CURAR LESÕES...


CURAR LESÕES...
Cinco passos para curar lesões
Quem se exercita regularmente às vezes tem de lidar com contusões, entorses e suas repercussões aflitivas. Saiba como tratar esse tipo de chateação
Tropeçou, bateu, machucou. As lesões esportivas não são exclusividade de atletas profissionais. Qualquer indivíduo que mexa o corpo com certa regularidade está mais sujeito a torções ou estiramentos musculares. Basta forçar o corpo além da conta ou executar alguns movimentos errados durante o treino. Quando esse tipo de acidente ocorre, os cuidados iniciais são imprescindíveis para evitar que um probleminha evolua para um problemão, comprometendo inclusive a própria prática esportiva.

Foi pensando nisso que especialistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, elaboraram uma recomendação com cinco passos básicos para tratar esse tipo de lesão na chamada fase aguda, ou seja, nas primeiras 48 horas. O protocolo foi batizado de PRICE, sigla em inglês que, numa tradução livre, resume as estratégias para dar fim às dores: proteger a área, esfriar, comprimir, repousar e elevar o membro dolorido. O melhor é que elas podem ser facilmente realizadas em casa. A gente mostra como em um slide show. No entanto, se mesmo com o tratamento imediato o incômodo persistir, o mais recomendável é que você busque o auxílio de um médico ou fisioterapeuta capaz de avaliar o grau da lesão.

O tipo e a intensidade das lesões vão depender do preparo do indivíduo e também da modalidade de exercício físico que ele pratica. A contusão é a mais simples das encrencas. Por ela ser decorrente de choques, os praticantes de esportes de contato estão mais sujeitos a sofrê-la. Seus graus — leve, moderada ou grave — estão ligados à topada. Já as entorses acontecem quando o movimento em uma articulação excede os limites do corpo. Em casos mais graves pode ocorrer o deslocamento articular, o que ocasiona rompimento dos ligamentos ou tendões. Joelhos e tornozelos são os alvos prediletos.

A distensão muscular, também chamada de estiramento, geralmente é causada por um esforço físico muito grande que leva à ruptura de fibras musculares. Ela é bastante comum em jogadores de futebol, vôlei e em corredores. A tendinite, por outro lado, é uma resposta inflamatória a um pequeno trauma em um tendão. Esportistas que forçam os músculos pulando ou chutando costumam apresentá-la com frequência. Por fim, existem as populares cãibras, que não são necessariamente lesões. Na verdade, trata-se de uma espécie de sinalizador de que algo vai mal. A cãibra surge devido ao acúmulo de ácido lático, substância produzida pela contração dos músculos. Acusa, a bem dizer, um quadro de fadiga muscular.

Toda essa novela dolorida pode ser prevenida sem que uma lágrima sequer seja derramada. Basta que você tenha um bom preparo físico e mantenha uma rotina semanal de treinos, intercalando musculação e atividades aeróbicas como corrida e caminhada. Dessa forma, os músculos, acostumados a cargas cada vez mais pesadas, conseguem eliminar o ácido lático rapidinho. “Se o exercício não é praticado com frequência, o corpo demora mais tempo para eliminar essa substância, o que aumenta a fadiga muscular e contribui para a ocorrência de lesões”, explica o ortopedista Júlio César Carvalho Nardelli, que é especialista em medicina do esporte no Hospital das Clínicas de São Paulo. Preparo, no entanto, é o que costuma faltar aos chamados atletas de fim de semana. “É por isso que eles geralmente correm mais risco de se lesionar”, sentencia Neiva.

Alongar e aquecer são verbos que necessitam ser conjugados por qualquer esportista que se preze. O estica e puxa, geralmente preconizado antes e depois da suadeira, prepara a musculatura para uma atividade intensa. “Ao estender os músculos, aumentam-se a flexibilidade e o trabalho muscular, o que fortalece as articulações”, explica o professor de educação física César Patt, de São Paulo. No fundo, no fundo, é preciso respeitar os limites do corpo e dar um tempo nos exercícios diante de qualquer contratempo doloroso.
1 - Bendita gelada
A aplicação de gelo é uma das etapas mais importantes no tratamento das lesões. Quando um tecido é machucado, ocorre derramamento de sangue e linfa, os responsáveis pelo inchaço e pela inflamação. O gelo tem dupla ação: é um poderoso anti-inflamatório e analgésico. Ao diminuir a temperatura durante a fase aguda da lesão, os vasos sanguíneos se contraem, reduzindo a quantidade de sangue no local. Isso também não deixa o inchaço piorar. Outro benefício dessa fria é minorar a dor. Em bom português, o gelo torna mais lenta a condução do impulso nervoso, o repórter encarregado de levar a notícia dolorosa ao cérebro. É por essa razão que aplicações gélidas promovem aquela sensação de conforto. Na hora de se valer dessa estratégia friorenta, use bolsas térmicas ou toalhas para evitar o contato direto do gelo com a pele, que pode sair dessa literalmente queimada. A aplicação deve ser feita logo após o choque e se estender pelas 48 horas seguintes. “Sempre respeitando o tempo máximo de 20 minutos, a cada quatro horas”, diz o fisioterapeuta Marco Túlio Saldanha dos Anjos, presidente do Conselho Nacional de Fisioterapia do Esporte.

2 - Compressão de resultado
Essa etapa do programa pode ser levada a cabo em paralelo às outras quatro. Assim como o gelo, a compressão ajuda a contrair os vasos sanguíneos, contribuindo para reduzir o inchaço e cicatrizar o tecido lesado. Faixa elástica é de praxe durante esse procedimento. Ela deve ser disposta a partir da periferia da área dolorida em direção ao centro. Assim, se você torceu o tornozelo, por exemplo, o curativo deve começar na região da planta do pé e seguir em direção à canela, passando pelo epicentro da dor. “O esportista só precisa ficar atento para não apertar demais a atadura, porque isso pode prejudicar a circulação local”, alerta Nardelli.

3 - Repousar é preciso
A ideia de ficar totalmente imóvel devido a uma torção, uma pancada ou um desconforto muscular hoje é praticamente inaceitável, salvo raras exceções. O que agora se prega é que o repouso deve ser feito de acordo com a necessidade do indivíduo. “Os movimentos sempre devem respeitar os sinais do corpo”, diz Júlio César Nardelli, ortopedista do Hospital das Clínicas paulistano. Se a lesão incomodar ou doer, o certo é que a pessoa suspenda a atividade. Durante essa pausa, a região lesionada não pode ser sobrecarregada. “O descanso e o afastamento das atividades de impacto são importantes inclusive para curar as microlesões que acontecem durante qualquer exercício físico”, completa Nardelli.

4 - Muita proteção
Eis uma medida que deve acompanhar todo o tratamento e está diretamente ligada ao repouso. Nesse momento, valem aqueles cuidados básicos diante de qualquer machucado. “Você deve evitar colocar peso na área problemática. E, em alguns casos, precisa recorrer a muletas, tipoia e imobilizadores”, diz o educador físico Cassiano Merussi Neiva, da Universidade Estadual Paulista, em Bauru, no interior paulista. “A proteção também pode ser feita a fim de evitar novas lesões.” Esse conselho é endereçado sobretudo a quem começa a praticar uma atividade física ou não treina com frequência. Nesse time, a musculatura, uma espécie de para-choque contra topadas e afins, não está totalmente desenvolvida. Daí, as regiões mais propensas a lesões ficam vulneráveis. No caso do futebol, por exemplo, o correto seria apelar para faixas e caneleiras para proteger o tornozelo e a canela.

5 - Elevação
A gravidade ajuda a drenar os líquidos que se acumulam durante todo o processo pós-pancada, o que contribui para a diminuição do inchaço, da inflamação e da dor. É importante que se eleve a parte do corpo lesionada acima do coração para facilitar a circulação do sangue naquele ponto. “Se a perna estiver machucada, por exemplo, deite-se e coloque os pés sobre um apoio”, ensina o ortopedista Moisés Cohen, diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo.

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