Diretor do sindicato diz que motoristas de ônibus chegam a trabalhar 18 horas por dia
POR | FLAVIO ARAÚJO MARCELLO VICTOR |
"Por lei, só podemos fazer duas horas extras, por dia, mas há motoristas fazendo jornadas de até 18 horas. As agressões físicas ou verbais tem sido cada vez mais comuns. Há duas semanas, também na Av. Brasil, outro motorista foi agredido".
Questionado se as agressões não são registradas pelas câmeras dos ônibus, Simonites disse que a maioria das imagens não são monitoradas.
O diretor também questionou o aumento, segundo ele, de ônibus circulando sem cobradores, com o motorista cumprindo dupla função. Pelas contas do sindicato isso já acontece em 30% da frota do Rio.
Entenda o acidente
De acordo com um passageiro que desceu do ônibus pouco antes do acidente, um homem teria pulado a roleta para discutir com o motorista, que seguia em alta velocidade e não teria parado no ponto em que o ele queria descer. Na briga, o motorista pode ter perdido o controle do coletivo e provocado o acidente. O condutor, André Luiz da Silva Oliveira, 32 anos, fraturou uma perna e bateu forte com a cabeça, mas não corre risco de morrer.
A cabeleireira Conceição Rodrigues Santana, mãe da vítima Amanda Santana Silva, de 19 anos, que está internada no Hospital Getúlio Vargas, afirmou, na manhã desta quarta-feira, que, segundo sua filha, um passageiro teria chutado o rosto do motorista.
"Ela falou que assim que o motorista subiu no viaduto, o rapaz bateu nele", disse a cabelereira.
Emocionados, familiares de José Adailton de Jesus reconheceram o corpo no IML | Foto: Osvaldo Prado / Agência O Dia
Familiares reconhecem corpos no IML
Familiares das sete vítimas fatais da queda do ônibus da linha 328 (Bananal-Castelo) na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, na tarde de terça-feira, reconheceram os corpos dos parentes no Instituto Médico Legal (IML) do Rio, em São Cristóvão, na Zona Norte, entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira.
A enteada do Oséias, Camila Diniz, de 17 anos, afirmou que o corpo já foi liberado, mas a família ainda está cuidando dos procedimentos necessários no cartório. O comerciante foi reconhecido apenas pelas impressões digitais. O IML não permitiu que a família visse o corpo.
Viviane Diniz, mulher de Oséias, reclamou que a família não foi procurada pelos órgãos públicos para comunicar a morte do comerciante.
"Tentei ligar para o celular dele desde às 18h de ontem. Eu estava no dentista e comecei a ouvir falar do acidente, mas nem imaginei que ele estivesse no ônibus. Apenas de madrugada, preocupados com a demora dele para chegar em casa, é que pedi à minha filha para pesquisar na internet o nome dele e então ficamos sabendo de tudo" disse Viviane.
"Ele vinha três vezes por ano ao Hospital do Fundão (Hospital Universitário) para fazer exames. Ele era diabético. Geralmente vinhamos de carro juntos, mas dessa vez ele resolveu vir sozinho de ônibus. No momento do acidente, ele devia estar voltando do Fundão para a rodoviária", completou ela.
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