Rio -  Enquanto a Cedae afirma que o esgotamento sanitário de municípios da Baixada cortados pelos rios Sarapuí e Iguaçu, que formaram um uma ilha de lixo lama e esgoto de 3 mïlhões de metros quadrados na Baía de Guanabara, na altura de Duque de Caxias, é de responsabilidades das prefeituras, o prefeito do município, Alexandre Cardoso, diz que a tarefa cabe à companhia.

“O nome não é Companhia Estadual de Águas e Esgotos? Então, todo o esgoto da cidade cabe à Cedae”, disse. O monte de lixo no rio foi denunciado ontem em matéria do DIA.

Além disso, Cardoso disse que “a manutenção do corpo hídrico” de rios que cortam várias cidades é dever do estado. “Está na Lei Nacional de Recursos Hídricos: só é de responsabilidade das prefeituras os rios que nascem e morrem na mesma cidade, os que cortam é do governo. Nos cabe apenas o reassentamento das famílias que moram nas casas à beira desses rios em situação de risco”, argumentou.
Residências são construídas com canos que despejam esgoto diretamente no rio, em São João de Meriti. Toda a poluição desagua na Baía | Foto: Divulgação
Residências são construídas com canos que despejam esgoto diretamente no rio, em São João de Meriti. Toda a poluição desagua na Baía | Foto: Divulgação
A reportagem flagrou casas em São João de Meriti jogando esgoto in natura de canos clandestinos no Rio Pavuna. Os moradores alegaram que as tubulações de esgoto estão entupidas na região e que nem todas as casas tem saneamento.

“É horrível porque o meu lixo acaba voltando para dentro de casa quando chove forte e o rio alaga”, disse a empacotadeira Patrícia Medeiros.

Mesmo assim, a Cedae disse que já realiza o tratamento de esgoto captado em parte da região da Baixada na Estação de Tratamento de Esgotos Sarapuí, reconstruída e reinaugurada em 2011, que já trata 1.500 litros de esgoto por segundo em Belford Roxo, Queimados, Nilópolis, Mesquita e Meriti.

Pouco oxigênio nas águas

Amostras das águas do Rio Iguaçu coletadas ano passado pela ONG Onda Verde e analisadas em laboratório, constataram que oxigênio dissolvido no rio está abaixo da média prevista em legislação, o que compromete a biodiversidade fluvial.
Cíntia estende roupas em varal improvisado às margens do Rio Sarapuí, onde esgoto é despejado in natura | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Cíntia estende roupas em varal improvisado às margens do Rio Sarapuí, onde esgoto é despejado in natura | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Também constatou nível de fosfato insatisfatório para a saúde humana. Segundo o biólogo Rafael Dellamare, que analisou o estudo, a causa é o esgoto in natura. Concluiu que a presença excessiva de compostos de fósforo e nitrogênio nos corpos d’agua desencadeia o desenvolvimento de algas ou outras plantas aquáticas indesejáveis, principalmente em cursos lentos, reservatórios ou águas paradas.

Elas podem levar à diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e decomposição de muitos organismos.