São Paulo -  A nona final seguida entre Unilever/Rio e Sollys/Osasco foi digna da rivalidade criada ao longo dos últimos anos. Em um jogaço de cinco sets no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, com direito a virada espetacular, o time carioca conquistou a Superliga Feminina de vôlei 2012/2013 ao vencer por 3 a 2 (22 a 25, 19 a 25, 25 a 20, 25 a 15 e 15 a 9) após estar perdendo por 2 a 0. Foi a sexta conquista do Unilever em cima do rival - que havia sido campeão em 2011/2012 - e o oitavo título na competição.

“Saímos de uma situação complicada e conseguimos virar no coração. Tínhamos uma chance apenas. É um time guerreiro, que não desistiu. Demos a vida. Estão todas de parabéns”, comemorou Fabi, uma das melhores em quadra.

O título do Unilever ganhou contornos épicos quando o Sollys, favorito, passeou nos primeiros sets. Com cinco medalhistas olímpicas (Jaqueline, Sheilla, Thaísa, Fernanda Garay e Adenízia), a equipe de Osasco já tinha as mãos no título quando as cariocas buscaram força para ganhar o terceiro set e atropelar no quarto, com direito a inúmeros ralis que levantaram a torcida. No tie-break, brilhou a estrela de Natália, que ganhou de presente o ponto do título, fechando com chave de ouro uma história de superação da Unilever e da própria jogadora.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Fabi exaltou virada sobre Osasco na final deste domingo | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Natália quase parou de jogar por conta de um tumor na canela e ficou fora das quadras por quase dois anos. Ela ficou fora da Superliga passada e só voltou nesta temporada. Quis o destino ­– e com a ajuda de Fofão – que Natália recebesse como presente o último ponto.

“As dúvidas que tive foram muitas. Até eu já não acreditava em mim. Tive um início ruim, mas minhas companheiras sempre acreditaram e me fizeram voltar a acreditar em mim. Consegui corresponder e ajudar. Só quem estava ao meu lado sabe o quanto sofri nesse tempo. Estou muito feliz, foi uma vitória pessoal após dois anos difíceis”, desabafou Natália, que chorou muito ao abraçar os pais na comemoração.

“Queria muito que a Natália jogasse bem e procurei por ela na última bola. Queria que ela ficasse com essa imagem, ela merecia por tudo o que passou”, revelou a capitão Fofão.

Pelo lado do Sollys, a decepção pela derrota inesperada era aparente. O técnico Luizomar de Moura tentou explicar a virada e ainda exaltou sua equipe, que dominou a lista de premiações. “Nosso nível de saque caiu e o Unilever estabilizou a recepção, assim a Fofão teve a bola na mão para jogar. Tivemos uma temporada com apenas quatro derrotas, saímos orgulhosos e de cabeça erguida”.
Fofão jogou no sacrifício
Mais experiente em quadra, Fofão voltou a jogar vôlei aos 43 anos, após uma temporada de aposentadoria, e levantou o troféu de campeão como capitã. Mas para entrar em quadra na final contra o Osasco, a levantadora teve de superar dores na panturrilha direita e jogou no sacrifício.
“Estava com dor, mas não falei para o grupo porque não queria preocupá-lo. Joguei sem estar 100%, foi no coração”, disse Fofão, que não participou do treino da véspera da final por conta das dores.
Com a conquista, a levantadora não sabe se vai se aposentar de vez agora ou se tentará jogar por mais um ano. “Se eu continuar, quero que seja na Unilever. Vou ver o que faço”.
Bernardinho arrisca 'Passinho do Volante' no pódio
A virada heroica da Unilever contagiou Bernardinho. Durante a comemoração, o treinador, conhecido pelo jeito sério mesmo nas conquistas, não escondeu a felicidade e chegou a arriscar a coreografia do funk ‘Passinho do Volante’ (Ah! Lelek lek), do MC Federado e os Leleques.
Após a dança, ele, com bom humor, reconheceu ter deixado a razão de lado com a vitória. “Naquele pequeno momento de inconsciência quando alcançamos uma vitória tão difícil, você acaba fazendo loucura. Eu não cheguei a dançar, mas prometo que vou ensaiar mais escondido”, brincou o treinador.
Para Bernardinho, a Unilever conseguiu virar o jogo porque nunca deixou de acreditar na vitória. “Começamos a jogar quando acertamos o passe e a Fofão teve a bola nas mão”.
Curiosamente, em agosto, Bernardinho amargou uma das piores derrotas de sua carreiraem situação oposta. A seleção masculina vencia a Rússia por 2 sets a 0 na final olímpica quando permitiu a virada do adversário, que ficou com o ouro.