Rio -  Duas operações reprimiram nesta quinta-feira irregularidades no transporte público do Rio. Desde a madrugada, a ação “Transporte Legal”, da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar, coibiu a circulação de vans, kombis e ônibus em situação irregular ou mau estado de conservação em 20 pontos da cidade.

Os 47 veículos apreendidos foram levados ao depósito do Detro, além de 10 coletivos da Paranapuan. Já a “Operação Salomé” (batizada com esse nome pela personagem idosa de Chico Anysio), coordenada pelo Procon a pedido da secretária de Defesa do Consumidor, Cidinha Campos, levou para delegacia quatro motoristas que se recusaram a parar nos pontos de ônibus para idosos.
Ônibus apreendido estava ontem no depósito do Detro | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Ônibus apreendido estava ontem no depósito do Detro | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
“Quando um motorista se nega a abrir as portas do veículo está infringindo o artigo 96 do Estatuto do Idoso, que prevê pena de seis meses a um ano de reclusão, além de multa. A empresa também será multada”, garantiu o diretor de fiscalização do Procon, Fábio Domingos. Nesta sexta-feira, O Procon volta às ruas para continuar a operação.

O delegado Cláudio Ferraz, que comandou a operação “Transporte Legal”, disse que a polícia estuda responsabilizar criminalmente quem não tem licença para trabalhar por exercício irregular da profissão.

Ar-condicionado

A nivelação das tarifas de ônibus com ar-condicionado e sem, conforme publicado nesta quinta-feira na coluna ‘Informe do DIA’, agradou a maioria dos passageiros.

Para a publicitária Fernanda Tuber, 29, que realiza o trajeto do Itanhangá à Zona Sul, a medida é justa: “Acho ótimo, pois canso de pagar mais caro pelos com ar-condicionado, e só depois que pago descubro que o ar não está funcionando”.

Os entrevistados se mostraram preocupados, porém, se, com a mudança, a frota de ônibus for reduzida na cidade para arcar com prejuízos das empresas de ônibus. A secretaria municipal de Transportes ainda não precisou em quanto ficará o preço da nova tarifa.

MP devolve inquérito e Paranapuan é multada

O Ministério Público do Estado do Rio devolveu nesta quinta-feira para a Polícia Civil o inquérito sobre o acidente envolvendo o ônibus 328, que caiu do viaduto Brigadeiro Trompowski, no dia 2 de abril, com o argumento de que documentos importantes para a investigação não foram anexados ao relatório.

De acordo com o delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro Costa da Silva, faltariam os laudos de corpo de delito de todas as oito vítimas sobreviventes.

A secretaria municipal de Transportes multou o consórcio Internorte e sua consorciada Paranapuan em R$117.883,55 por infrações ao código disciplinar da SMTR e ao contrato de concessão. Desse valor, R$106.371,55 correspondem a irregularidades com a frota e R$11.512 por atraso na vistoria do Detran.
Wagner, marido de Ana, perdeu filho há um mês. Ela está internada | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Wagner, marido de Ana, perdeu filho há um mês. Ela está internada | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
As multas foram expedidas após a notificação formal, publicada no Diário Oficial do Município de segunda-feira, que exigia do consórcio Internorte e da Paranapuan providências em relação às irregularidades apontadas. Ontem, 10 ônibus da empresa foram apreendidos.

A secretaria de Trabalho e Renda assina hoje convênio de cooperação com o sistema Sest/Senat para capacitar e requalificar motoristas de ônibus, vans e táxis. Os cursos são gratuitos.

Vítima de acidente tem 5% de chances de sobrevivência

Após ter tido as duas pernas amputadas e sofrer traumatismo craniano, Tatiana Ferreira, 28 anos, corre risco de morte e está em coma induzido, no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
Atropelada na calçada, Tatiana teve as duas pernas amputadas | Foto: Reprodução
Atropelada na calçada, Tatiana teve as duas pernas amputadas | Foto: Reprodução
Segundo parentes da jovem — que foi atropelada por ônibus da linha 685, em Quintino, quarta-feira —, médicos afirmaram que ela tem 5% de chance de sobreviver.

Outra das quatro vítimas, a artesã Ana Paula Pinto, 42, que teve fratura exposta no braço, viu Tatiana com dois filhos — um de 3 anos, que está internado sem gravidade, e outro de 3 meses — no local, e, apesar de não conhecê-la, a chamou, poucos minutos antes do acidente.

Queria doar as roupas de Wagner Miguel, filho de 1 ano e 3 meses, que morreu há um mês de dengue hemorrágica. O coletivo invadiu o local logo depois.

“Ela só queria doar as roupinhas. A Tatiana estava de costas. Só deu tempo de avisá-la e empurrar a senhora que segurava o bebê”, contou a tia de Ana Paula, Nanci Bonfim, 63. “Estou abalado. É muito drama”, disse o marido de Ana, Wagner Lemos, 30.

Desesperado, o marido de Tatiana, Wladimir Marques Mendes, 24, quer justiça: “Minha avó e outras pessoas viram o ônibus invadindo a calçada. Não consigo mais falar, acabei de vê-la em coma”.

“Os médicos disseram que pode ter morte cerebral. Vamos processar a empresa”, declarou Camila Ferreira, 22. Tatiana tem quatro filhos: Helder, de 3 meses, Wallace, 3 anos — internado —, Wellington, de 6 anos ; e Samanta, 9 anos.

Motorista serár indiciado
O delegado da 28ª DP (Campinho), Geovan Omena vai indiciar o motorista Hilderando Nascimento, 41, por lesão corporal dolosa.

“Ele estava em alta velocidade, passou por mureta de concreto e atropelou as pessoas”, disse. O exame prévio de alcoolemia não indicou uso da substância pelo condutor.

A família de Tatiana acusa a empresa Rubanil de oferecer suborno: “Ofereceram R$ 2 mil para não abrirmos a boca. Nada vale a vida dela”, disse Camila. A empresa negou. Veja o vídeo com o desabafo de Camila