Rio -  É bem provável que você já tenha passado pelo Zé Ninguém em algum canto da cidade. De chinelo nos pés, bigode no rosto e sem camisa, ele é aquela figura laranja estampada pelos muros das Zonas Sul e Norte, Baixada e Centro, em 60 quadrinhos grafitados e criados por Alberto Serrano, mais conhecido como Tito. O carisma do personagem, que completa 5 anos, é tão grande, que, após ganhar o livro ‘Street Comics Vol’, em 2010, agora, vai virar animação.
“O Zé tem muitos fãs, daí rolou a ideia de um curta-metragem animado. Eu escrevi o projeto na Lei Rouanet e ele foi aprovado. Quero dar voz para o Zé e botar o curta no site(www.titonarua.com) para todos verem”, explica Tito, que espera estrear o desenho ainda este ano.
O artista Tito posa com um de seus grafites do personagem Zé Ninguém, em um muro de Copacabana | Foto: Divulgação
O artista Tito posa com um de seus grafites do personagem Zé Ninguém, em um muro de Copacabana | Foto: Divulgação
Superempolgado, o artista já faz planos para o futuro de Zé Ninguém. “É a primeira vez que trabalho com parceria, sempre fiz tudo com dinheiro do meu bolso. Por enquanto, quero fazer só curtas, mas penso em um longa-metragem para ele. Também estou doido para por em prática o projeto de outro livro, com quadrinhos do Zé tentando dar um jeito na natureza”, revela.
Filho de porto-riquenhos e nascido em Nova York, Serrano veio de férias para o Brasil há 11 anos com sua namorada carioca Flávia, que hoje é sua mulher. Ele, que já trabalhava como quadrinista, começou a fazer aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, aprendeu o grafite, se apaixonou pelo país e nunca mais saiu daqui. “Gostei e fiquei”, sintetiza.
“Amo fazer quadrinhos, mas você fica sozinho no estúdio e eu queria trocar experiências. Foi aí que um amigo me convidou para grafitar”, conta Tito, que com alguns sprays de tinta na mochila e muitas ideias na cabeça, deu origem ao seu personagem laranja.
Inspirado nos moradores de rua, Zé Ninguém nasceu como um herói sem teto, que, ao lado de seu cachorro de estimação, anda pelo mundo à procura de Ana, o seu amor perdido. “A cultura daqui parece com a de Porto Rico, por isso pensei no meu pai e dei um bigode igual ao dele ao Zé”, conta o artista.