Rio -  Especialista em consumo de luxo, o antropólogo Michel Alcoforado alerta que tradicionais grifes de artigos femininos sofisticados ainda não aprenderam a lidar com o seu principal público: mulheres de origem pobre que enriqueceram nos últimos dez anos.
As marcas tradicionais, segundo ele, chegam ao Brasil “engessadas” e podem perder um bom dinheiro se não começarem a se adequar às vontades dessa elite emergente.
Foto: André Mourão / Agência O Dia
Foto: André Mourão / Agência O Dia
— O perfil do consumidor de luxo mudou?
— Sim. O Brasil produz, por dia, vinte novos milionários. São pessoas que eram pobres e enriqueceram muito e muito rápido nos últimos dez anos. É um consumidor que tem um gasto médio mínimo de R$ 3 mil em compras, mas que é diferente da elite tradicional.
— O que essas novas consumidoras procuram?
— Querem comprar para mostrar que têm dinheiro, mas não se sentem seguras de entrar numa loja e escolher o que vão levar. Por isso, criam uma relação de amizade com as vendedoras, encarregadas de dizer o que elas devem vestir. E exigem exclusividade. Uma mulher que entrevistei ficou revoltada ao saber que a loja em que fazia compras mandoumensagem para as clientes anunciando descontos.
— Como as grifes devem se adequar?
— Podem começar a investir no treinamento das vendedoras, que passam a assumir uma função de estilista das clientes, e devem se dedicar mais na forma como apresentam as roupas em vitrines e araras.