Rio -  Generalizar é muitas vezes leviano. Agrupar as pessoas de acordo com seu ponto de vista ou pré-julgamentos. Pelo estilo, tipo de roupa, coisas que costumam dizer, gênero. Não é tão simples assim, todos são muito diferentes entre si. Costumamos repetir frases feitas como “mulher não é amiga de mulher”, “homens são todos iguais”, “mães só mudam de endereço”. Nem pensamos para formar nossos grupos mentais e sair desenrolando uma ficha enorme daquele que está diante de nós. Assim, esquecemos de admirar pessoas, e suas singularidades. Cada um tem seu olhar, suas ideias (mesmo aqueles que se limitam a repetir ideias alheias). É como biometria. Aquela impressão digital é só sua, cada um é único.
Acho perigoso repetir chavões, ignorando a possibilidade de uma nova descoberta. Se for para sua opinião ser só aquilo que te disseram, melhor refletir. Em muitos casos, isso evita ser grosseiro. Um clichê: “Você fala isso porque não é mãe!”. Sempre que ouvi essa frase, achei uma grosseria. Primeiro, porque quem fala não sabe se quem está ouvindo tem algum problema e não pode ter filhos; segundo, porque pode ser uma decisão pessoal não ser mãe. Seja o que for, o ouvinte deve ser respeitado. Generalizar pode soar ofensivo.
Uma vez, fiz um texto sobre os homens para um blog e dizia que discordo das minhas amigas quando dizem “homem é tudo igual”. Existem homens incríveis no mundo e são tão diferentes quanto uma onda do mar  da outra. Cada uma tem um formato, uma gota que pulou fora do lugar anterior, é outra água, são outras nuances daquele líquido que quando a gente pega na mão é transparente, mas que quando a gente olha grande, única, à distância, parece azul, azul escuro, azul esverdeado, verde, verde esmeralda, enxurrada de lágrimas, vermelho. O mar e suas infinitas possibilidades. “É por isso que eu tenho medo do mar”, escrevi. Mas como um Deus guiando o mundo, ele é único. Não importam os tamanhos de suas ondas, nem suas imperfeições, elas existem, a cada meio minuto de um modo, tiram o fôlego e nos dão bonança, nos fazem flutuar e quererter os pés na areia, o sim e o não.
Sim, vejo o céu. Não, vejo o mar. Sim, vejo o limite entre o céu e o mar. Não, fecho os olhos para não me afogar. Assim são os homens: inconstantes. A impressão é que são diferentes e são iguais. Mas são homens, é o mar. O homem, único, é admirável em si. Como ver o mar do calçadão num dia de ressaca.
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