Rio -  Além de premeditar a morte de João Felipe Eiras Bichara, de 6 anos, e esconder o corpo do menino numa mala em casa, no Centro de Barra do Piraí, a assassina confessa Suzana de Oliveira, 22, foi ainda mais fria, perversa e calculista: ela teria dado um banho no corpo do garoto, antes de deixar o Hotel São Luiz, também no Centro, onde praticou o crime, no dia 25 de março. Ontem, o empresário Heraldo Bichara Jr., pai do menino, prestou depoimento e negou novamente envolvimento amoroso com a manicure, embora a tenha acusado de assédio.
Camareira do hotel, Ana Carla da Silva Bernardo, 38, disse ontem à tarde na 88ª DP (Barra do Piraí) ter encontrado o banheiro e o quarto molhados, assim como um lençol e uma toalha, pelo chão. “Quando uma pessoa morre por asfixia, geralmente vomita e urina. Certamente, como Suzana era uma criminosa atabalhoada, ela lavou o corpo antes de deixar o hotel, temendo que alguém pudesse perceber algum mau cheiro”, presumiu o delegado da 88ª DP, José Mário Salomão Omena.
Heraldo Bichara chegou à delegacia acompanhado pela mulher e três advogados | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Heraldo Bichara chegou à delegacia acompanhado pela mulher e três advogados | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
A camareira disse que não desconfiou da trama de Suzana. “Não percebi nada de mais. Parecia que alguém tinha acabado de tomar banho. Recolhi tudo e levei para a lavanderia”, limitou-se a comentar.
O delegado hoje pedirá a quebra de dados telefônicos de Suzana, a qual poderá ser enquadrada em extorsão mediante sequestro. Ela já foi indiciada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
“Acredito que ela matou o menino por ganância. Por inveja, talvez. Ela convivia com uma família bem-sucedida econômica e socialmente, e tratava João Felipe bem na frente dos pais, embora dissesse que o detestava a um dos amantes dela ouvidos por nós”, comentou Salomão. Hoje, há missa de Sétimo Dia pela morte do menino na Matriz de São Benedito, no Centro.
Empresário diz ter recebido mensagens convidativas
Heraldo Bichara depôs durante duas horas e meia. De acordo com o delegado, chorou compulsivamente diversas vezes, chegando a interromper o depoimento para se recuperar. Ele revelou que em meados do ano passado, recebeu três mensagens do celular de Suzana, sendo duas delas de números diferentes.
Na primeira, de um número desconhecido, havia escrito “Oi, Tio Sukita”. A segunda continha a frase “Gosto de você”. No terceiro dia consecutivo, ele diz ter recebido: “Quero sair com você”. Este último torpedo estava identificado com o número da manicure. No depoimento, Heraldo disse ter retornado a ligação e que Suzana atendeu.
Segundo o empresário, a manicure o assediou, dizendo que queria ter uma relação com ele, nem que fosse por uma única vez, pois gostava de homens mais velhos. Ele, ainda conforme o delegado, recusou o convite e achou melhor não contar para a esposa, que era íntima de Suzana. “Pelo que vi, ao lado do marido, Aline entendeu a situação, agindo brilhantemente como mãe e mulher nessa hora tão amarga para o casal”, concluiu o delegado.