Rio -  No trajeto de cerca de 13 km percorrido na tarde de terça-feira pelo ônibus da linha 328 (Bananal-Castelo), o encontro de dois perfis explosivos sentenciou o destino de vários passageiros, sete dos quais levados à morte.

De um lado, o estudante Rodrigo dos Santos Freire, 25 anos, denunciado por lesão corporal em duas outras ocasiões e acusado de ter ido embora de uma boate na Barra da Tijuca sem pagar; do outro, o motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33, que, segundo relatos, preferiu discutir a dirigir e também tem passado violento.

Quem um dia presenciou a ira do estudante, acusado de dar chutes e fazer desmaiar o motorista, diz saber bem do que ele é capaz. “Quero mais que ele vá para a cadeia. Em 2010, quando eles (Rodrigo, as irmãs e a mãe) deixaram meu imóvel após tentarem me agredir, ele ainda depredou meu apartamento”, revela Ruth Nascimento Siqueira.
Foto: Reprodução da Internet
Em foto publicada na sua página no Facebook, Rodrigo dos Santos Freire posa feliz ao lado de parentes em festa | Foto: Reprodução da Internet
Na época, a dona de uma quitinete na Ilha do Governador registrou ocorrência por lesão corporal quando Rodrigo teria atirado vasos de planta em sua direção e tentado agredi-la. Na outra ocorrência, as agressões foram direcionadas ao cunhado, que desta vez prefere o silêncio: “Não tenho nada a declarar, não me procurem mais.” Os dois casos foram arquivados.

Os familiares de Rodrigo, que segue internado no Hospital Miguel Couto e não tem previsão de alta, também preferem o silêncio. Ontem, o pai do agressor, conhecido como Russo, se recusou a falar com o a reportagem do DIA.

Ex-mulher denuncia

Vítima da agressividade de Rodrigo dentro do ônibus, André também tem histórico conturbado: Francilene Santos, 40, ex-esposa e mãe do filho caçula de André, o acusa de tê-la espancado diversas vezes durante os quatro anos em que foram casados.

“Acredito que minha filha tenha nascido prematura por conta das agressões. Fiz duas ocorrências contra ele, uma em 2011 e a outra há pouco mais de um mês, quando, após discussão, quebrou uma porta de vidro em cima de mim e da minha filha”, acusou.
Valderez, mãe do motorista do 328, garante que André Luiz é responsável e jamais poria a vida alheia em risco | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Valderez, mãe do motorista do 328, garante que André Luiz é responsável e jamais poria a vida alheia em risco | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Emocionada, mãe do motorista garante que o estão caluniando

Em meio à agonia estampada no rosto de todos aqueles que esperam para visitar seus familiares e amigos no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, o desespero de uma mulher se destaca: a empregada doméstica Valderez da Silva, de 52 anos, não chora somente pela cirurgia no fêmur à qual o filho, o motorista André Luís Oliveira, se submeterá em breve. Chora pela honra daquele pelo qual se submeteu a um tratamento de fertilidade para dar à luz.

“Muitas mentiras estão sendo faladas sobre meu filho. André é um rapaz evangélico, trabalhador, e não bebe. A ex-mulher que agora o acusa de agressão (Francilene Santos) foi casada com ele por 4 anos e nunca relatou a mim qualquer caso. Está fazendo isso agora por ter sido trocada há quatro meses por uma moça mais jovem”, garantiu, emocionada.

Valderez também afirma não acreditar em dolo do motorista: “Ele estava cansado, mas adorava a profissão. Não colocaria a vida de ninguém em risco”.
Coletivo se choca com caminhão deixando seis feridos

Mais um acidente com veículos de grande porte causou vítimas no Rio. Um ônibus da linha 431C (Olaria-Rua Sargento Aquino) e um caminhão-frigorífico colidiram no cruzamento das ruas Conde de Agrolongo e Panamá, na Penha, levando seis feridos ao Hospital Getúlio Vargas, próximo dali, por volta das 12h.
Caminhão-frigorífico tombou, derramando toda a carga na via | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Caminhão-frigorífico tombou, derramando toda a carga na via | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
“O motorista do ônibus vinha em baixa velocidade pela preferencial. O condutor do caminhão achou que poderia fazer a curva a tempo, mas calculou errado. Os dois se chocaram, e o caminhão virou”, revelou o mecânico José Carlos Silva, testemunha do choque.

O motorista do caminhão foi levado à 21ª DP (Bonsucesso), onde prestou depoimento. As vítimas, já atendidas, passam bem. O condutor do ônibus, Roberto Rocha, resumiu o sentimento ao ver o sangue das vítimas no chão: “Nos sentimos impotentes diante de tanta imprudência ao volante”.

Troca dos gradis de ferro por concreto

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse ontem que um grupo de especialistas da entidade vai produzir um documento, com cerca de 20 páginas, detalhando cuidados que o poder público deve ter para a manutenção de viadutos.

“Manutenção preventiva e constante e substituição de grades de ferro nas laterais dos viadutos por muretas de concreto armado são os principais alertas”, disse Guerreiro, afirmando que se a proteção do Viaduto Brigadeiro Trompowski fosse de concreto e vergalhões, poderia ter evitado a queda do ônibus da Paranapuan.
O Viaduto Lobo Júnior, na Penha, é um dos muitos que têm gradis de ferro em más condições na Avenida Brasil | Foto: João Laet / Agência O Dia
O Viaduto Lobo Júnior, na Penha, é um dos muitos que têm gradis de ferro em más condições na Avenida Brasil | Foto: João Laet / Agência O Dia
Para Guerreiro, o ideal é seguir padrões internacionais, que sugerem estruturas de concreto com altura mínima de 80 cm. “Dificilmente um veículo desgovernado transpõe essa altura”, comentou.

Ao longo dos quase 60 km da Av. Brasil, por exemplo, não é difícil encontrar proteções em condições precárias, como o Lobo Júnior, na Penha. A Secretaria Municipal de Obras garante que faz vistorias periódicas.
Motorista é pego com drogas em serviço
Motorista da linha 366 (Lavradio-Campo Grande), da Viação Expresso Pégaso, foi preso em flagrante com um papelote de cocaína em serviço, no fim da noite de quarta, na Lapa. Segundo a polícia, Francisco Correia abandonou o ponto final antes da última viagem para comprar a droga.
De acordo com o tenente Augusto, do 5º BPM (Praça da Harmonia), ele e um colega estavam na entrada de casarão na Rua do Lavradio 122, perto da chefia de Polícia Civil. O motorista teria entrado uniformizado no local. Sem antecedentes criminais, ele foi autuado por porte de droga para uso próprio e responderá em liberdade.
Vila na Rua do Lavradio é conhecida por ser ponto de venda de drogas | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Vila na Rua do Lavradio é conhecida por ser ponto de venda de drogas | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia