Rio -  Além do risco e da dor causados pela dengue, moradores de Niterói e região têm que conviver com a demora no atendimento das UPAs. Em São Gonçalo, pacientes esperavam ontem mais de sete horas para receber medicamentos. Com o grande número de doentes, as clínicas particulares de Niterói também não dão conta da demanda.

Uma das reclamações mais frequentes na UPA nesta quinta-feira era a demora. Veronica Oliveira, 42 anos, disse que seu marido, Claudenir Alves, que trabalha como pintor, chegou por volta das 8h, mas teve que esperar até as 13h por atendimento: “Só quando cheguei e fiz um escândalo foi que os enfermeiros olharam para o meu marido.”

O mesmo problema era relatado por Laís Conceição, de 28 anos, que estava acompanhada da prima Irani Alves, 21. De acordo com Irani, o atendimento estava muito lento. “Os pacientes ficam perdidos. Não é o primeiro caso de dengue na família e a história se repete. Há 9 meses eu perdi meu marido, vítima de dengue hemorrágica.”
UPA de São Gonçalo superlotou com pacientes com sintomas de dengue: quase um dia inteiro para tentar confirmar o diagnóstico | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
UPA de São Gonçalo superlotou com pacientes com sintomas de dengue: quase um dia inteiro para tentar confirmar o diagnóstico | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Idosos e crianças também sofriam. Elenita do Carmo, doméstica, levava a mãe, Maria do Carmo, aposentada, de 65 anos, para ser atendida. “Estou desde as 9h esperando o resultado do exame de sangue. Já são 15h e nada. Além disso, foi difícil conseguir alguém para dar soro.” Já Helen Sabino, 28 anos, acompanhada de seus três filhos, esperava o atendimento da filha, Joyce, desde as 8h.

A própria unidade, localizada na Rodovia Amaral Peixoto, servia como criadouro para mosquitos da dengue. Próximo à entrada, foram encontrados galões com água parada sem cobertura. A demora no atendimento não era exclusividade do serviço público. Diversos hospitais particulares, em Niterói, não dão vazão à demanda elevada.
Veronica contou que precisou fazer ‘escândalo’ para o marido ser atendido | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Veronica contou que precisou fazer ‘escândalo’ para o marido ser atendido | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
No Hospital de Clínicas Alameda, os pacientes com casos mais leves da doença estavam sendo orientados a fazer a hidratação de casa. “Mesmo sendo uma clínica particular, o atendimento está demorando”, conta Marcos Souza, 38.
“Pessoas chegando sem parar e quatro horas de espera” - Maria Inez Magalhães, jornalista do DIA

Com sintomas de dengue, segunda-feira à noite procurei a Emergência de dois hospitais particulares em Niterói, mas elas estavam tão lotadas que não aguentei esperar. Voltei a um deles no dia seguinte, achando que fosse estar mais vazio por ser mais cedo, mas me enganei. O setor continuava lotado. Parecia Emergência de hospital público. Sem ter opção, esperei. Era tanta gente para ser atendida que o tempo de espera entre o atendimento na recepção e o diagnóstico foi de quatro horas. Enquanto esperava, via dezenas de pacientes saindo dos consultórios segurando a guia de exame de sangue. E durante esse período, mais e mais pessoas iam chegando à Emergência, entre elas crianças. Hoje (ontem), dois dias depois, voltei ao mesmo hospital para refazer o exame de sangue, e a situação era a mesma: Emergência lotada, pessoas chegando sem parar e as mesmas quatro horas de agonia. Isso porque tenho plano de saúde. Imagina quem depende dos hospitais públicos!