Rio -  Especula-se que a probabilidade de encontrar medicamentos valiosos das plantas de uso popular é maior do que por síntese química. Estima-se que, em solo brasileiro, existam cerca de 20 mil espécies de plantas superiores para uso medicinal. Além do mais, cerca de 80% da população mundial confia na medicina popular para suas necessidades básicas de saúde.
Apesar dos interesses na medicina tradicional, o risco da deterioração deste patrimônio cultural é significativo, como denunciado há décadas, sobre a perda progressiva dos conhecimentos primitivos da população, que passou a se automedicar com produtos industrializados ao ser re-educada pela propaganda farmacêutica.
De fato, a distinção entre medicinas popular e científica é feita pelo sistema oficial de saúde, sendo já dito que, diversos remédios antigos foram eliminados não em razão da inutilidade, mas por não se ajustarem ao sistema. Acima de qualquer filosofia médica e terapêutica está o direito do enfermo em optar pelo tratamento que preferir.
É preciso que se faça re-estudos pré-clínicos, clínicos e toxicológicos dos “chás” medicinais e fitoterápicos, especialmente brasileiros, em decorrência de análises outrora em número reduzido, sem devida padronização, metodologia inapropriada e ausência de grupos-controle, e, assim, desenvolver fitomedicamentos eficientes e seguros.
O conhecimento tradicional e seus benefícios nos contextos culturais são seculares, e, mesmo sem eficiência absoluta, certamente contribuem para uma melhor expectativa na qualidade de vida, pelo menos naqueles que acreditam. Efeito placebo? Se assim fosse (não é o caso para muitos fitomedicamentos), 30 a 35% dos indivíduos já seriam beneficiados. Estatisticamente, há diferença percentual para certos efeitos de alguns fármacos sintéticos? A resposta é não.
Paulo Sixel é farmacêutico-Bioquímico, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis/Fase