Rio -  As ruas da Grande Tijuca — que reúne os bairros do Alto da Boa Vista, Grajaú, Vila Isabel e Andaraí, além da Tijuca — estão mais perigosas.

Dados do Instituto de Segurança Pública, divulgados até janeiro, mostram que, nos últimos três meses computados, o roubo a transeuntes cresceu 45% (de 171 casos para 248).

Os roubos de celular dispararam, com 154,5% de aumento (11 para 28), e o total de roubos subiu 21%. No mesmo período, na capital, o roubo de celular recuou 15,6% (668 para 564) e, em todo estado, o mesmo crime diminuiu 6% (1.037 para 974).
Grafite num muro perto da Rua Uruguai, na Tijuca, alerta para a presença de usuários de crack nas redondezas: população está preocupada | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Grafite num muro perto da Rua Uruguai, na Tijuca, alerta para a presença de usuários de crack nas redondezas: população está preocupada | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
“Sentimos falta de policiamento. Fui abordada por um casal na Rua Conde de Bonfim e me levaram celular, bolsa, tudo que eu tinha, até um anel de bijuteria”, conta a atendente Francildene Rodrigues, 25 anos.

“Está muito perigoso transitar por aqui. Agora comprei um celular baratinho”, contou ela na porta da 19ª DP (Tijuca), onde foi registrar o caso na manhã de ontem.

Efetivo insuficiente

A musicoteraputa D.P., de 37, engrossou a estatística nesta segunda-feira de manhã, ao ser parada por dois homens armados nas imediações da Uerj.

“Levaram meu celular, mas o susto foi maior que tudo. Eram 10h30 da manhã, quem poderia imaginar uma coisa dessas? Ainda estou tremendo de medo”, desabafou na porta da 20ª DP (Vila Isabel).

Os bandidos não se limitam a dinheiro e celulares. Entregador de água mineral de uma loja na Rua Pereira Nunes, na Tijuca, Guilherme Alves, teve a bicicleta roubada. “Me renderam quando eu estava na portaria de um prédio para entregar água”, contou o rapaz na 19ª DP.

A aposentada Beatriz Barros, de 62, afirma que a situação no Grajaú não é diferente: “Toda semana tem assalto nas ruas Grajaú e Caruaru”. A falta de policiamento na região é comprovada pelos policiais que precisam dar conta do patrulhamento. Segundo três deles, o Batalhão da Tijuca (6º BPM) conta hoje com menos de um terço do efetivo ideal.

“Não temos nem 400 homens, e todos que se formam vão para UPPs. Precisamos de mais homens no asfalto”, avaliou um sargento, responsável por auxiliar no patrulhamento de parte do Grajaú.

Bicicletas usadas nas ações

A dificuldade de combater os roubos de rua na região, além do efetivo insuficiente, passa também pela estratégia dos bandidos, segundo PMs que estão nas ruas. “Os ladrões têm usado bicicletas. Eles arrancam celulares ou bolsas e fogem na contramão. É rápido e difícil de conter”, reconheceu um soldado.

A PM informou que o batalhão perdeu 20% do efetivo nos últimos 17 meses por causa de pedidos de transferência. Ainda segundo a nota, em março, 30 soldados recém-formados foram destinados ao 6º BPM.